Por Holger Hansen e Michelle Martin
WIESBADEN/BERLIM (Reuters) - O Partido Social Democrata da Alemanha (SPD) elegeu Andrea Nahles como sua primeira líder mulher neste domingo, na esperança de que ela possa revigorar a legenda mais antiga do país depois da pesada derrota nas últimas eleições em setembro.
Cerca de 66 por cento dos delegados do SPD votaram em Nahles em um congresso. A nova presidente do partido, uma ex-ministra do Trabalho e mãe católica com ligações próximas a sindicatos, já disse no passado que gostaria de ser ou uma dona de casa ou a chanceler da Alemanha.
O SPD, que tem 154 anos e é um dos partidos que compõem a coalizão da chanceler Angela Merkel, teve de encontrar um novo líder para substituir Martin Schulz, que renunciou após sua campanha para as últimas eleições em setembro levarem a legenda ao pior resultado desde 1933.
Era esperado que Nahles vencesse as eleições internas deste domingo com facilidade, mas o resultado é o pior para um líder de partido no pós-guerra. Insatisfeitos com a aliança renovada com Merkel e incentivada por Nahles, alguns membros do partido votaram na oponente, Simone Lange, de 41 anos, a prefeita da cidade de Flensburg, no norte do país.
O SPD continua estagnado, com uma pesquisa Emnid para o jornal Bild am Sonntag mostrando o apoio ao partido em 18 por cento, atrás dos conservadores de Merkel, com 33 por cento, e não muito a frente do Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema direita.
Nahles, de 47 anos, agora deve presidir os esforços do partido para se reinventar --trazendo novas diretrizes e alavancando novos rostos para as lideranças-- e levar o SPD de volta à posição de força eleitoral reconhecida.
"Você pode renovar um partido enquanto ele está no governo. Eu quero provar isso a partir de amanhã", disse ela em discurso inflamado antes da votação, abordando uma concepção generalizada no SPD de que seria mais fácil reinventar o partido na oposição.
Mas os alemães não confiam nas habilidades de Nahles. A pesquisa da Emnid mostrou que menos de 25 por cento dos entrevistados acreditam que ela possa tornar o SPD bem sucedido em sua nova posição, que também requer que ela reconquiste os eleitores perdidos para a AfD.
Ex-líder da ala da juventude do partido, mais radical, Nahles foi creditada com o apoio relutante do partido em renovar a "grande coalizão" com os conservadores de Merkel, que também governaram a Alemanha entre 2013 e 2017.
Mas as discordâncias já crescem na coalizão em relação a questões como imigração, a reforma da zona do euro e em como abordar a crise de emissões de diesel.
Nahles poderia retirar seu partido da aliança com Merkel se ela estiver descontente com o seu funcionamento e tem uma boa oportunidade de fazê-lo na revisão de dois anos de governo, quando os partidos discutem o progresso feito até então.
Ainda não se sabe se ela buscará levar o partido para a esquerda com um olhar voltado a uma potencial futura coalizão com o partido verde e o Linke, de extrema esquerda, ou se irá combater Merkel se fixando no centro --como sua legenda fez majoritariamente durante o último período legislativo.
(Reportagem adicional Madeline Chambers)
((Tradução Redação São Paulo; 55 11 56447553))
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