Por Giuseppe Fonte e Steve Scherer
ROMA (Reuters) - Os dois partidos anti-establishment da Itália acertaram nesta quinta-feira a base para um acordo de governo que cortaria impostos, aumentaria os gastos sociais e representaria o maior desafio à União Europeia desde que o Reino Unido decidiu deixar o bloco dois anos atrás.Os líderes da sigla de extrema-direita Liga e o Movimento 5 Estrelas, que emergiram como dois dos maiores partidos da eleição inconclusiva de 4 de março, vêm debatendo uma agenda política para formar uma coalizão de governo e encerrar mais de 10 semanas de impasse.Quando o líder do 5 Estrelas, Luigi Di Maio, saiu de uma reunião de quatro horas com o chefe da Liga, Matteo Salvini, disse que os dois partidos precisam combinar alguns "detalhes menores" e que o programa deve ser concluído até o final do dia.Momentos antes uma fonte do 5 Estrelas havia dito que grande parte do programa havia sido acertada e que este não contém nenhuma referência a uma possível saída do euro nem "nada que possa causar qualquer preocupação referente à filiação da Itália ao euro".O pacto ainda não veio a público e precisa ser ratificado pelos correligionários das duas siglas, além de receber a aprovação do presidente italiano. Os partidos fizeram progresso na combinação de um primeiro-ministro, afirmou Di Maio, mas sem informar nenhum nome.
Um esboço do acordo visto pela Reuters mais cedo nesta quinta-feira delineava um plano de gastos que violaria as regras da disciplina fiscal da UE: cortar impostos, elevar a transferência de renda aos pobres com programas sociais e descartar uma reforma da Previdência impopular.
As políticas custariam muitos bilhões de euros e assustaram os investidores da dívida, das ações italianas e do euro. A Itália é a terceira maior economia da zona do euro.