BERLIM (Reuters) - Os partidos de esquerda na Alemanha chegaram a um consenso para formação de uma eventual coalizão após as eleições de setembro, em uma manobra que pode substituir o governo da primeira-ministra Angela Merkel.
Juntos, deputados do partido de centro-esquerda Social-Democrata (SPD), do pequeno partido esquerdista Linke e do ambientalista partido Verde terão mais assentos no parlamento que o bloco conservador de Merkel. As últimas pesquisas mostram que essa tendência deve se confirmar.
No entanto, o SPD, de centro-esquerda e que governa com Merkel em uma "grande coalizão" nacional de centro-direita, tem há muito tempo se recusado a cooperar com o Linke em nível nacional, muito por conta da visão de política externa da pequena legenda.
Sinalizando urgência nas mudanças, o vice-primeiro-ministro Sigmar Gabriel, do SPD, disse à revista Der Spiegel: "Nós não queremos uma nova edição da grande coalizão".
Os partidos já fizeram reuniões para explorar a possibilidade de formar uma coalizão que substituiria a de Merkel após as eleições. "É claro, eu consigo imaginar uma coalizão Vermelha-Vermelha-Verde, se isso permitir a formação de um governo estável. Mas isso depende totalmente do Linke", afirmou Gabriel. "Eles devem decidir se querem governar ou manter uma oposição radical."
O bloco conservador de Merkel comandou o país por meio de uma grande coalizão com o SPD entre 2005 e 2009, e depois com o pequeno Partido Democrático Liberal (FDP) entre 2009 e 2013, para na sequência se aliar novamente ao SPD.
O SPD não concorda com políticas como deixar a zona do euro, disse Gabriel. Sahra Wagenknecht, que comanda o Linke na câmara mais baixa do parlamento, vê problemas no funcionamento do bloco econômico europeu. Wagenknecht disse esperar que o SPD possa reforçar suas políticas sociais.
(Por Paul Carrel)