Por Gavin Jones e Massimiliano Di Giorgio
ROMA (Reuters) - O partido italiano anti-establishment Movimento 5 Estrelas e a Liga de extrema-direita se mobilizaram nesta quarta-feira para encerrar nove semanas de um impasse político provocado por eleições inconclusivas e formar um governo, uma perspectiva que alarmou os investidores.
O presidente da Itália, Sergio Mattarella, disse que adiará os planos de nomear um primeiro-ministro apartidário por 24 horas depois que os dois partidos lhe informaram estar realizando reuniões de última hora para tentar firmar um acordo de coalizão até agora difícil de concretizar.
O spread entre os rendimentos dos títulos italianos padrão e seu equivalente alemão mais seguro atingiram seu nível mais elevado em quase seis semanas, mas as ações italianas oscilaram pouco.
A eleição de 4 de março resultou em um Parlamento sem maioria, e esforços repetidos para romper o impasse fracassaram. Frustrado, Mattarella está a ponto de nomear alguém de fora do mundo político para comandar um "governo neutro" e preparar o país para eleições antecipadas, possivelmente já em julho.
Vendo o tempo passar, os líderes do 5 Estrelas e da Liga, os dois maiores do Parlamento, voltaram a se reunir inesperadamente e indicaram que fizeram progresso, mas que precisam de mais tempo.
"Estamos fazendo tudo que podemos", disse o líder da Liga, Matteo Salvini. Parlamentares das duas siglas expressaram a esperança de que o esboço de um acordo esteja pronto até quinta-feira.
O 5 Estrelas propôs várias vezes formar um governo com a Liga, mas com a condição de que ela rompa com sua aliada Forza Italia, partido liderado pelo ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi.
Salvini vem se recusando a fazê-lo por lealdade à aliança de centro-direita, mas vem aumentando a pressão para que Berlusconi saia de cena voluntariamente para que ele possa se aliar ao 5 Estrelas.
O 5 Estrelas vê Berlusconi, de 81 anos, condenado por evasão fiscal e em julgamento por supostamente subornar testemunhas, como um símbolo da corrupção política.
Renato Brunetta, parlamentar destacado do Forza Italia, disse que a aliança de centro-direita permanecerá intacta mesmo que o partido seja excluído do governo, e Salvini confirmou que, "aconteça o que acontecer, não romperemos a aliança".
Lorenzo Codogno, chefe da LC Macro Advisors e ex-economista-chefe do Tesouro italiano, alertou que um governo do 5 Estrelas com a Liga provavelmente provocaria uma reação negativa do mercado financeiro.