PEC da Blindagem pode favorecer crime organizado, diz Lewandowski

Publicado 19.09.2025, 07:44
© Reuters PEC da Blindagem pode favorecer crime organizado, diz Lewandowski

O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afirmou em entrevista ao jornal O Globo publicada nesta 6ª feira (19.set.2025) que a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Blindagem abre brechas para que o crime organizado se infiltre nas Câmaras de todo o país. A proposta foi aprovada na 4ª feira (17.set) na Câmara dos Deputados e segue para análise no Senado.

“Pode ser um problema, sobretudo porque essa chamada PEC da Blindagem vai se aplicar aos deputados estaduais e quem sabe aos vereadores. Tem um efeito cascata importante: pode haver uma infiltração do crime organizado nos parlamentos, que é algo que muito me preocupa”, disse o ministro.

“A imunidade parlamentar é algo que deve ser protegido. Agora, não é possível nem desejável que se criem mecanismos de impunidade, porque o parlamentar é um cidadão como outro qualquer. Não pode estar imune à persecução penal”, disse.

A PEC da Blindagem determina que, para que um deputado ou senador seja preso ou processado, as respectivas Casas precisarão autorizar por maioria absoluta (257 votos na Câmara e 41, no Senado). Para isso, terão 90 dias, a contar da determinação da Justiça.

Além disso, os congressistas só poderão ser presos em flagrante por crimes inafiançáveis na Constituição, como racismo e terrorismo. Mesmo em flagrante, a manutenção ou continuidade da prisão ou da investigação passa por decisão da Casa, que terá de ser feita nesse caso em 24h.

COMBATE AO CRIME ORGANIZADO

O ministro afirmou que, em 10 ou 15 dias, pretende apresentar à Casa Civil e à Presidência um projeto para reforçar o combate financeiro ao crime organizado.

“Temos uma proposta que foi erroneamente intitulada de antimáfia. É antifacção, porque nós não temos máfia no Brasil. A legislação italiana desenvolveu alguns instrumentos que estamos adaptando à realidade brasileira. Por exemplo: o congelamento de ativos financeiros de forma mais expedita”, disse Lewandowski.

A ideia, de acordo com o ministro, é que se possa, antes de uma condenação transitada em julgado, confiscar os bens móveis e imóveis de integrantes de facções. “Prevemos também um endurecimento na progressão do regime prisional para os chefes de facções e uma hipótese de infiltração de agentes de segurança nestas organizações e, eventualmente, até nas empresas que se associam ao crime”, afirmou.

O ministro declarou que a recente operação conjunta da PF (Polícia Federal), com a Receita Federal e MPs (Ministérios Públicos) focada na infiltração do PCC (Primeiro Comando da Capital) no setor dos combustíveis evidencia a necessidade de um “olhar plural” para o combate ao crime organizado. “Sempre se achou que a mera ação policial seria suficiente. Hoje, é preciso atuação sofisticada, com inteligência e asfixia financeira”, declarou.

Questionado sobre em quais outros setores da economia o crime organizado se infiltrara, Lewandowski disse que “preocupam os de transporte público, construção civil, coleta de lixo e, mais recentemente, fintechs”. E acrescentou: “O crime vai procurando brechas. Nossa ideia é atacar setor por setor. Um problema que surgiu é a infiltração do crime organizado no processo eleitoral, lançando candidatos para depois controlarem prefeituras”.

O ministro também comentou a execução do ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo Ruy Ferraz Fontes. Apesar de Ruy ter, no passado, investigado o PCC, Lewandowski foi cauteloso ao fazer a relação entre o assassinato e o crime organizado.

“As investigações vão revelar se a execução está ligada ao crime organizado ou a outro motivo, como a atuação à frente da Secretaria de Administração de Praia Grande. Vamos aguardar o resultado. Todo crime violento é imediatamente ligado às facções, mas não é bem assim”, disse.

Leia mais em Poder360

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2025 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.