Por Camila Moreira e Patrícia Duarte
SÃO PAULO, 6 Abr (Reuters) - Mais rigoroso nas negociações e com visão bastante técnica, o novo ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, é também diferente do seu antigo chefe Henrique Meirelles quando o assunto é "holofote", sobretudo com a imprensa.
Guardia, que ocupou a secretaria-executiva do Ministério da Fazenda desde junho de 2016, é sério, quieto e formal, tendo poucas vezes dado entrevistas. Prefere ficar nos bastidores, onde inclusive praticamente tocou a pasta que agora assume formalmente, sobretudo após Meirelles começar a trabalhar para viabilizar sua eventual candidatura à Presidência.
No cargo que ocupava até agora, Guardia assumiu tarefas importantes e polêmicas. Ficou, por exemplo, responsável pela coordenação do grupo interministerial que negocia com a Petrobras (SA:PETR4) os termos da revisão de um contrato conhecido como cessão onerosa, assinado em 2010 e que garantiu à petroleira o direito de explorar áreas do pré-sal sem licitação.
Enquanto a União entende que é credora da estatal em alguns bilhões de dólares, a Petrobras --comandada por Pedro Parente--acha o contrário.
"Ele tem atuado com maestria nas negociações. Tem equilibrado as partes interessadas", afirmou à Reuters uma fonte que trabalha junto ao novo ministro.
Segundo a fonte, Guardia tem um perfil "agregador" e que agrada toda a equipe da Fazenda, além de dar segurança de que o trabalho feito até agora --sobretudo com preocupações fiscais-- será mantido.
Graduado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Guardia é doutor em economia pela Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (USP). Também gosta de esportes, que pratica com regularidade.
Já foi da iniciativa privada, tendo trabalhado de maio de 2013 a junho de 2016 como executivo na B3 (ex-BM&FBovespa), onde ocupou cargos de diretor financeiro e de produto. Antes, foi da Secretaria de Fazenda do Estado de São Paulo, da Secretaria do Tesouro Nacional e foi secretário-adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda, durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do PSDB.
A fama de durão nas negociações e sua proximidade com os tucanos são vistas com reservas por parte de parlamentares, levando alguns a se posicionarem contra sua indicação à Fazenda. Meirelles, no entanto, acabou ganhando essa queda-de-braço e conseguiu emplacar Guardia como seu sucessor nesta reta final do governo do presidente Michel Temer.
(Reportagem adicional de Marcela Ayres, em Brasília, e Aluísio Alves, em São Paulo)