Por Lisandra Paraguassu
PORTO ALEGRE (Reuters) - Barrados pelo esquema de segurança a cerca de um quilômetro do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), os partidários do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aguardavam sob o sol nesta quarta-feira alguma notícia do julgamento com ar de desânimo.
O caminhão de som contratado pela organização, depois ter a presença de deputados e lideranças, estava ocupado por shows musicais neste início da tarde na capital gaúcha. Embaixo, os manifestantes ainda nem sabiam que as primeiras notícias vindas do tribunal não eram boas para o ex-presidente.
Vindos de outros Estados do sul do país, dois assentados da reforma agrária -que preferiram não de identificar- procuraram a Reuters para saber como andava o julgamento. Ao saber que o primeiro voto, do relator João Pedro Gebran Neto, não só mantinha a condenação como aumentava a pena para 12 aos e 1 mês, mostraram desanimação. Na primeira instância, o juiz Sérgio Moro tinha condenado o petista a 9 anos e 6 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
"A gente já esperava, mas a esperança é a última que morre", disse um deles. "Vão ter que aguentar depois a reação do povo."
Apesar de o julgamento estar sendo transmitido pela rede Youtube, por algumas tevês e com cobertura em tempo real de vários sites, os organizadores não anunciaram o resultado no microfone.
Rodrigo Miranda, baiano que veio acompanhar por conta própria o movimento pelo presidente, disse sentir uma tristeza ao ver o presidente sendo julgado. Pintor desempregado, afirmou que sua situação piorou muito nos últimos. "É triste o que está acontecendo no Brasil", disse.
Um dos seus companheiros assentados diz, no entanto, que não é tristeza, mas mais indignação o que sente. "O Judiciário tomou a posição de defender a classe rica. É mais um degrau do golpe", disse.
Na terça-feira, depois que milhares de pessoas foram ao centro de Porto Alegre ouvir o ex-presidente discursar, o grupo fez uma caminhada de dois quilômetros até o anfiteatro Pôr-do-Sol, onde estava o acampamento organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), para uma vigília.
Nesta quarta pela manhã, o PT informava que 30 mil pessoas se reuniram no local mais próximo ao TRF-4 onde o grupo podia chegar. À tarde, o grupo era bem menor, e se espalhava pelos gramados por perto do carro de som.
"Vamos ficar aqui até o fim. E aí vamos ver o que vai acontecer com esse Brasil", disse à Reuters um dos agricultores assentados.
A 8ª Turma do TRF-4 julga recurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra a condenação a 9 anos e 6 meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro no caso envolvendo um apartamento tríplex no Guarujá, litoral de São Paulo.