MADRI (Reuters) - O conservador Partido Popular (PP) e o recém-criado Ciudadanos poderiam conquistar uma pequena maioria no Parlamento da Espanha se uma nova eleição fosse convocada depois de meses de tentativas fracassadas de se formar um governo de coalizão, de acordo com uma pesquisa publicada nesta segunda-feira.
O levantamento feito pela consultoria Sigma Dos para o jornal conservador El Mundo foi o primeiro a mostrar uma possível aliança entre o PP –que ocupa o governo interino em meio ao impasse político instaurado desde a eleição geral de dezembro– e o Ciudadanos, simpático ao empresariado.
Uma pesquisa de domingo do instituto Metroscopia para o jornal de tendência esquerdista El País também mostrou PP e Ciudadanos ganhando terreno, mas não previu uma maioria possível entre duas legendas com exceção de uma grande coalizão entre o PP e o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), uma opção rejeitada por muitos.
Os principais partidos da Espanha à direita e à esquerda vêm lutando para montar um grupo grande o suficiente para formar um governo, mas as grandes diferenças ideológicas e os meses de conversas infrutíferas tornam um acordo cada vez mais improvável.
Se não surgir um entendimento até o dia 2 de maio, novas eleições serão realizadas, provavelmente no final de junho.
O levantamento do El Mundo disse que o PP ficaria com 128 cadeiras, e o Cidadãos, que se mostrou disposto a formar uma coalizão com o partido do primeiro-ministro interino, Mariano Rajoy, garantiria 52 assentos.
Isso bastaria para superar as 176 cadeiras necessárias para obter uma maioria absoluta no parlamento e formar o próximo governo.
A pesquisa entrevistou 800 pessoas no final de março, mas como teve uma margem de erro de mais ou menos 3,5 pontos percentuais, leva a crer que a Espanha ainda pode ver o impasse de quatro partidos ecoar em novas votações.
Um plano de coalizão do líder socialista Pedro Sánchez fracassou em 2 de março, já que rivais da direita e da esquerda votaram contra a proposta na legislatura.
Rajoy se recusou a tentar montar uma coalizão, argumentando que carece do apoio necessário.
A pesquisa do El Mundo revelou um apoio crescente tanto para o Cidadãos, que obteria 12 assentos a mais do que em dezembro, quanto para o PP, que ganharia mais 5 cadeiras, às custas do outro novato, o antiausteridade Podemos – que a pesquisa do El País com 1.200 pessoas no final do mês passado mostrou ter perdido apoio desde o pleito do final do ano passado.
(Por Paul Day)