Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - A Polícia Federal cumpriu na manhã desta terça-feira mandados de busca e apreensão na Câmara dos Deputados e no Senado, como parte de investigação relacionada à operação Lava Jato que tem entre os alvos o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), e o deputado Eduardo da Fonte (PP-PE) por suspeita de obstrução de Justiça, disse uma fonte com conhecimento da operação.
De acordo com a Procuradoria-Geral da República, a investigação tem como objetivo reunir provas de que os suspeitos, que não foram identificados pela PGR por se tratar de procedimento sigiloso, tentavam comprar o silêncio de um ex-assessor que tem colaborado com as investigações.
A PGR informou que foram cumpridos no total nove mandados, sendo oito de busca e apreensão e um de prisão preventiva -- este para um ex-deputado. Segundo a fonte que falou à Reuters sob condição de anonimato, o ex-parlamentar preso é Márcio Junqueira, de Roraima.
Agentes da PF chegaram no início da manhã aos gabinetes e aos apartamentos funcionais dos parlamentares investigados como parte da operação deflagrada pela PF em parceria com a PGR e autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
"Além dos gabinetes ocupados pelos parlamentares no Congresso Nacional e dos respectivos apartamentos funcionais, em Brasília, foram realizadas buscas em endereços residenciais na capital federal, em Teresina (PI), Recife (PE) e Boa Vista (RR). As ordens foram determinadas pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato do Supremo Tribunal Federal, após pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge", disse a PGR em nota.
A defesa do senador Ciro Nogueira disse, em nota, que acompanhou as buscas feitas nos endereços do parlamentar, e afirmou desconhecer as razões da determinação judicial.
"É certo que o senador sempre se colocou à disposição do Poder Judiciário, prestando depoimentos sempre que necessário e, inclusive, já foi alvo de busca e apreensão. Continuará a agir o senador como o principal interessado no esclarecimento dos fatos", disse a defesa, acrescentando que Ciro Nogueira está no exterior.
Segundo o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, na residência não houve apreensão de documento.
"Os poucos documentos apreendidos no gabinete do senador não causam nenhuma preocupação. A afirmação de que o senador, de alguma maneira, pudesse ter feito qualquer movimento a ser equivocadamente entendido como tentativa de obstrução é, nas palavras do senador, completamente fora da realidade", disse Kakay, em nota.
Juntamente com outros integrantes do partido, Ciro Nogueira e Eduardo da Fonte, que é ex-líder do PP na Câmara, já foram denunciados pelo ex-procurador geral da República Rodrigo Janot por suposta prática de associação criminosa.
O partido, que apoiou o governo Dilma Rousseff e passou a ser importante aliado do presidente Michel Temer, foi um dos que mais cresceram na janela partidária da Câmara e agora soma 51 deputados, segundo dados do site da Casa Legislativa.
Não foi possível fazer contato com representantes de Eduardo da Fonte.