RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Polícia Federal prendeu na manhã desta sexta-feira o banqueiro Eduardo Plass, ex-presidente do Banco Pactual, por suspeita de lavagem de dinheiro em valores superiores a 90 milhões de reais em esquema com a joalheria de luxo H.Stern, também envolvida no escândalo de corrupção do ex-governador Sérgio Cabral.
Plass, que foi presidente do banco Pactual de 1997 a 2003, é suspeito de ter comandado um esquema que consistia no recebimento de dinheiro em espécie de diretores da joalheria em Ipanema, na zona sul do Rio, e no envio dos recursos de forma ilegal ao exterior por meio de empresas de fachada.
De acordo com o Ministério Público Federal, o esquema teria ocorrido de 2009 e 2015, portanto depois que Plass saiu do Pactual e fundou sua própria companhia de investimentos, a Opus. Além de Plass, também foram presas outra sócia da Opus, Maria Ripper Kos, e Priscila Moreira Iglesias, que também é sócia do banqueiro.
Procurada, a Opus não respondeu de imediato a um pedido de comentário. Não foi possível localizar representantes individuais dos suspeitos de imediato. A H.Stern informou que a empresa não se manifesta à imprensa sobre o assunto.
Plass já havia sido conduzido coercitivamente pela Polícia Federal no ano passado quando da deflagração da Operação Eficiência, que apurou ocultação de mais de 100 milhões do reais de Sérgio Cabral no exterior. O ex-governador está preso desde novembro de 2016 e já foi condenado em diversas ações por corrupção e lavagem de dinheiro.
A operação contra o banqueiro, chamada "Hashtag", foi deflagrada justamente com base em informações repassadas por diretores da H.Stern que firmaram acordo de delação premiada com o MPF após envolvimento no esquema de lavagem de dinheiro oriundo de corrupção do ex-governador.
"Para dar aparência de legalidade às transações, a equipe de Eduardo Plass assinava contratos fictícios de empréstimos com os diretores da joalheria, muitos deles com datas retroativas ideologicamente falsas", disse o MPF em nota.
"Assim, durante o período em que se realizaram essas transações ilegais, entre 2009 e 2015, foi cometida uma série de crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas, pelos diretores da joalheria, que agora colaboram com as investigações do MPF, e pelos investigados Eduardo Plass, Maria Ripper Kos e Priscila Moreira Iglesias", acrescentou.
O MPF informou que pediu o bloqueio de 181 milhões de reais de contas dos investigados a título de reparação de danos e a título de danos morais.
(Por Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro; Edição de Raquel Stenzel)