Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O temor da radicalização levou o Palácio do Planalto a obter do presidente do PT, Rui Falcão, a promessa de que o partido não irá convocar ações para o próximo domingo, mesmo dia em que grupos de oposição pretendem protestar contra o governo, informaram à Reuters nesta segunda-feira duas fontes palacianas.
Durante a tarde de domingo, a presidente Dilma Rousseff, depois de passar a manhã no Rio Grande do Sul, convocou seus auxiliares mais próximos – Jaques Wagner, da Casa Civil, Ricardo Berzoini, da Secretaria de Governo, e o chefe de Gabinete da Presidência, Giles Azevedo – para discutir o agravamento do clima político no país e os problemas que o governo irá enfrentar na pauta da Câmara. O risco de conflitos levou a presidente a tratar do assunto como "situação de emergência".
Na manhã desta segunda-feira, o presidente do PT esteve no Palácio do Planalto em uma reunião com Jaques Wagner e Ricardo Berzoini e concordou que o partido não chamaria atos para o domingo – apesar de alguns diretórios estarem marcando atos para o mesmo dia em que grupos que defendem o impeachment da presidente pretendem se manifestar.
De acordo com uma fonte, o PT defenderá que os atos sejam apartidários e não irá, por exemplo, participar de uma passeata que está sendo marcada para a avenida Paulista, em São Paulo – mesmo local da manifestação de oposição.
O governo avalia que a radicalização do discurso, que atraiu mais pessoas depois da condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para depor, na última sexta-feira, pode ser boa para o PT, pois pode fortalecer e unificar o discurso das esquerdas. No entanto, não é boa para o governo se desandar em conflitos violentos, como chegou a acontecer na sexta-feira.
O Planalto vem monitorando a adesão ao protesto de domingo nas redes sociais e, desde a semana passada – com o vazamento do acordo de delação premiada do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) e a etapa da operação Lava Jato que atingiu Lula – houve um aumento das adesões ao protesto de 13 de março. O governo teme um retorno do assunto impeachment com a força de uma manifestação significativa no final de semana.