SÃO PAULO (Reuters) - O plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidirá se o ministro Edson Fachin seguirá na relatoria do acordo de delação premiada de executivos ligados à J&F, holding que controla a JBS (SA:JBSS3), informou a corte nesta terça-feira.
O plenário deverá decidir sobre um pedido do governador do Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), que questionou a distribuição do caso a Fachin. A delação foi dada para a relatoria do ministro sem que houvesse sorteio por prevenção, já que Fachin é responsável por todos os casos ligados à operação Lava Jato que tramitam na corte.
Na delação, executivos da J&F acusam o presidente Michel Temer de ter recebido propina da companhia. No âmbito do acordo, o empresário Joesley Batista, um dos donos da J&F, gravou uma conversa com Temer em que, na interpretação da Procuradoria-Geral da República, o presidente teria dado aval para a compra do silêncio do ex-deputado federal Eduardo Cunha.
No diálogo, Temer também teria indicado a Joesley o então deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), que foi assessor especial do presidente, como intermediário para tratar dos interesses da holding junto ao governo. Na conversa o empresário também conta ao presidente que "deu conta" de um procurador que investigava sua empresa e que "estava segurando" juízes que tratavam do caso envolvendo suas companhias.
Loures, que no âmbito da delação da J&F foi filmado levando uma mala com 500 mil reais que os delatores afirmam ser propina, foi preso no fim de semana.
A delação levou à abertura de um inquérito no Supremo que investiga Temer por suspeitas de corrupção, obstrução da Justiça e organização criminosa. Fachin também é o relator deste inquérito.
Não há data para o plenário do STF analisar se Fachin seguirá na relatoria da delação da J&F ou se ela será distribuída a um outro ministro da corte.
(Reportagem de Eduardo Simões)