BRASÍLIA (Reuters) - Em seu programa de 10 minutos na TV, que irá ao ar nesta quinta-feira, o PMDB afirma que a atual crise é causada por má gestão, apresenta-se como o único capaz de unir o país por meio do diálogo e como uma alternativa, ao mesmo tempo em que evita citações diretas ao governo do qual faz parte.
“Estamos vivendo dias muito difíceis, principalmente em função dos nossos próprios erros”, disse o vice-presidente Michel Temer em sua primeira fala.
Ao final do programa, uma locutora diz: “Existe um remédio popular que é infalível para crise ocasionada pela má gestão. Chama-se voto. Este ano tem eleição, faça bom uso dele."
Maior partido da base do governo, com seis cargos de primeiro escalão, o PMDB faz um discurso de oposição no programa, mostra-se como uma alternativa, apresenta seus candidatos a prefeito nas eleições municipais deste ano e esconde os seis ministros que possui.
Em um programa feito apenas com uma sequência de falas de senadores, deputados e outros políticos com cargos do partido, nenhum dos ministros foi escalado a participar. Apenas Mauro Lopes, que deve ocupar a vaga deixada por Eliseu Padilha na Secretaria de Aviação Civil, aparece, como deputado.
Já o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), tem uma das falas mais longas depois de Michel Temer e do senador Eunício Oliveira (CE), em que defende o Estado de Direito.
“Estado de Direito. Ninguém tem dúvida, vivemos numa democracia, vivemos o Estado de Direito, o que garante a todos sem exceção o que a lei diz. E é numa crise como essa que esses diretos devem ser mais do que nunca serem preservados. O que vale para um, vale para todos”, disse.
"TEMER 2"
Cabe ao deputado Rodrigo Pacheco (MG) anunciar que o partido irá divulgar em breve o plano Temer 2, tratando de questões sociais, depois de apresentar um programa econômico apresentado no documento Uma Ponte para Futuro, apelidado de plano Temer 1, apesar do vice-presidente negar que seja candidato à Presidência em 2018.
O programa revela uma tentativa de atacar o governo, em falas como a da senadora Marta Suplicy, candidata à Prefeitura de São Paulo, com textos menos agressivos, pregando o diálogo, como o do líder do PMDB na Câmara, deputado Leonardo Picciani (RJ), que se transformou em um dos maiores aliados do governo ao receber o poder de indicar dois ministros na reforma ministerial de outubro.
“Você sabe o que deu errado e o que precisa fazer para dar certo”, diz a ex-petista, depois de criticar o aumento do desemprego na cidade de São Paulo.
Picciani fala em diálogo: “Nada mais natural que o maior partido do Brasil propor diálogo e encaminhar mudanças.”
Temer, que fala na abertura e no encerramento do programa, mantém um tom discretamente crítico, também pregando o diálogo.
“O Brasil precisa de pacificação e consenso. Todos nós já sabemos os motivos. Tenho plena convicção de que vamos recobrar o ânimo, resgatar a confiança e reabrir as portas para o crescimento", diz o vice-presidente.
"Cada um no seu lugar, mas todos juntos, temos que fazer um gesto, dar o passo que falta na direção do entendimento.”
(Por Lisandra Paraguassu)