SÃO PAULO (Reuters) - O PMDB, maior partida da coalizão que apoia o governo da presidente Dilma Rousseff, afirmou em documento divulgado nesta quinta-feira que o Executivo cometeu "excessos" nos últimos anos e contribuiu para o agravamento da atual situação fiscal do país.
Em documento de 19 páginas, o partido, presidido pelo vice-presidente da República, Michel Temer, faz um diagnóstico da situação econômica e defende medidas como mudanças constitucionais que desengessem o Orçamento, a desindexação de gastos e a criação de uma idade mínima para as aposentadorias, que não seja menor que 65 anos para homens e 60 para mulheres.
"Nos últimos anos é possível dizer que o governo federal cometeu excessos, seja criando novos programas, seja ampliando os antigos, ou mesmo admitindo novos servidores ou assumindo investimentos acima da capacidade fiscal do Estado. A situação hoje poderia certamente estar menos crítica", afirma o partido, ressalvando no entanto que uma solução fiscal de longo prazo depende de mudanças estruturais.
A sigla, que tem sete ministros no governo Dilma, defendeu ainda que a solução para os déficits fiscais não deve passar pela criação de impostos, justamente em um momento que o governo tenta recriar a CPMF no Congresso e aponta o tributo como fundamental para elevar a arrecadação e equilibrar as contas.
"Qualquer ajuste de longo prazo deveria, em princípio, evitar aumento de impostos, salvo em situação de extrema emergência e com amplo consentimento social", defendeu o PMDB.
O documento, intitulado "Uma Ponte para o Futuro", é apresentado no site da legenda como um chamamento de Temer para debate interno. "Que nos una em um caminho para tirar o Brasil da crise."
O PMDB faz, ainda, a avaliação de que o Brasil está em "situação de grave risco" e afirma que os peemedebistas se propõem "a buscar a união dos brasileiros de boa vontade".
"O país clama por pacificação, pois o aprofundamento das divisões e a disseminação do ódio e dos ressentimentos estão inviabilizando os consensos políticos sem os quais nossas crises se tornarão cada vez maiores", afirma.
(Por Eduardo Simões)