BRASÍLIA (Reuters) - O PP, partido do presidente em exercício da Câmara, Waldir Maranhão (MA), pressiona para que o deputado renuncie ao cargo para o qual foi eleito na Mesa Diretora, o de primeiro vice-presidente da Casa, e o parlamentar deve decidir até 4ª-feira se permanece no posto, que ganhou importância com o afastamento de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da presidência.
Irritados com as medidas de Maranhão --que na segunda-feira anulou a sessão da Câmara que autorizou a abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, mas depois voltou atrás e revogou a decisão--, integrantes do PP informaram o correligionário que a melhor saída seria a renúncia.
“As medidas tomadas na segunda-feira trouxeram uma instabilidade ainda maior do que a Casa já está vivendo com o afastamento de seu presidente”, disse Aguinaldo Ribeiro (PB), líder do partido na Câmara. “Precisa-se pensar em uma saída negociada”, disse o deputado, após reunião do PP.
Mais direto, o vice-líder do bloco parlamentar do PP, Julio Lopes (RJ), foi ao gabinete de Maranhão aconselhá-lo a renunciar. Maranhão é alvo de pedidos de expulsão do partido e também de representações no Conselho de Ética da Câmara.
“Acho a situação do deputado Maranhão extremamente difícil... Somente a renúncia dessa posição de vice-presidente da Casa poderia dar a ele uma condição conciliatória, no sentido de tentar manter o seu mandato e tentar manter a sua filiação partidária”, disse Lopes a jornalistas.
Maranhão deve comunicar a sua decisão ao partido na manhã de quarta, razão pela qual a Executiva do PP não deve mais se reunir no fim da tarde desta terça-feira, como estava previsto. Se renunciar, ocorrerá uma nova eleição para a primeira vice-presidência da Câmara após um prazo de cinco sessões.
Não há como escolher um novo presidente da Câmara porque a rigor o cargo não está vago. Cunha está afastado de suas funções, por decisão unânime do Supremo Tribunal Federal (STF), mas só pode ser declarada a vacância do cargo se ele for cassado, se renunciar ao posto ou em caso de morte.
Ainda que o cenário esteja um tanto indefinido, partidos já se preparavam para decidir o comando dos trabalhos da Casa.
Segundo uma liderança a par das movimentações, o PSDB, por exemplo, vinha articulando o nome de seu líder, Antonio Imbassahy (BA). Já nos chamados partidos do centrão, ao que se insere o PP, os nomes mais fortes são o do líder do PSD, Rogério Rosso, e o de Jovair Arantes (PTB-GO), relator do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff na comissão especial da Câmara que analisou o tema. Outro nome ventilado é o do deputado Julio Delgado (PSB-MG).
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)