BRASÍLIA (Reuters) - O presidente da CPI mista da JBS (SA:JBSS3), senador Ataídes Oliveria (PSDB-TO), afirmou que deve decidir no fim da noite desta segunda-feira entre três nomes para a relatoria da comissão criada no Congresso para investigar denúncias relacionadas à empresa, controlada pelo grupo J&F.
Ataídes deve escolher um nome para a relatoria dentre os deputados Francischini (SD-PR), Hugo Leal (PSB-RJ), e Carlos Marun (PMDB-MS), defensor ferrenho do governo e integrante do mais numeroso partido no Congresso.
“Temos três nomes na mesa.... acredito que até às 22h de hoje um desses três nomes será escolhido”, disse Ataídes a jornalistas.
“Nós temos o PMDB que é um grande partido... estamos conversando, o PMDB não está tão resistente também”, afirmou, lembrando da tradição na Casa de designar as relatorias com base na proporcionalidade das siglas.
Questionado se o deputado Marun teria postura independente do governo para relatar a CPI, já que o presidente Michel Temer é um dos implicados nos áudios gravados por executivos da JBS, Ataídes preferiu responder que vê independência em Francischini.
“Eu não vou comprar encrenca com o maior partido do Congresso Nacional.”
DEPOIMENTOS
Dentre as pessoas listadas para serem ouvidas na CPI, segundo o presidente, estão os irmãos Joesley e Wesley Batista, além do executivo do grupo Ricardo Saud, e do ex-procurador da República, Marcelo Miller, sobre quem recai a suspeita de ter trabalhado pelos interesses da empresa enquanto ainda integrava a procuradoria. Para que sejam ouvidos, no entanto, é necessário que a CPI mista aprove requerimentos de convite ou convocação.
O presidente do colegiado tem a intenção de ouvir também o ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) Luciano Coutinho além de ex-presidentes do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
A CPI foi sugerida por Ataídes pouco depois da divulgação de áudios da JBS que embasaram uma denúncia contra o presidente Michel Temer.
Ataídes aproveitou a entrevista para negar que tenha tratado da CPI com Temer em encontro no último sábado e afirmou que a conversa foi sobre uma obra em seu Estado.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)