ROMA (Reuters) - O presidente da Itália, Sergio Mattarella, colocou o país a caminho de novas eleições nesta segunda-feira ao nomear um ex-diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI) como primeiro-ministro interino com a tarefa de planejar eleições antecipadas e aprovar o próximo Orçamento.
A decisão de indicar Carlo Cottarelli para montar um governo temporário cria o cenário para uma votação que deve girar em torno do papel italiano na União Europeia e na zona do euro, uma perspectiva que vem abalando os mercados financeiros globais.
A terceira maior economia da zona do euro vem tentando formar um novo governo desde as eleições inconclusivas de março, e forças anti-establishment desistiram no final de semana de seus esforços para compor uma coalizão devido a um impasse com o presidente.
Mattarella barrou o eurocético escolhido pelos partidos para ministro da Economia, levando o Movimento 5 Estrelas e a sigla de extrema-direita Liga a acusarem-no de trair os eleitores e a desistirem de seu plano de assumir o poder.
Depois de ser nomeado, Cottarelli disse a repórteres que as eleições serão realizadas no fim deste ano ou início do ano que vem.
A possibilidade de novas eleições preocupou os mercados financeiros, já que os investidores temem que a votação se torne um referendo sobre a filiação da Itália ao euro. A moeda recuou para sua segunda menor cotação semestral, e o rendimento dos títulos do governo italiano cresceu.
O 5 Estrelas está cogitando fazer campanha ao lado da Liga se a nação voltar às urnas, disse uma fonte do 5 Estrelas.
O partido Força Itália, de centro-direita, também disse que não votará a favor de um possível governo Cottarelli.
Em um pronunciamento na televisão, Mattarella disse ter rejeitado o economista Paolo Savona, de 81 anos, para o crucial Ministério da Economia porque o candidato da coalizão ameaçou tirar o país da zona do euro.
"A incerteza a respeito de nossa posição alarmou os investidores e poupadores tanto na Itália quanto no exterior", disse Mattarella, acrescentando: "A filiação ao euro é uma escolha fundamental. Se quisermos debatê-la, deveríamos fazê-lo de maneira séria".
A Liga e o 5 Estrelas, que passaram dias esboçando um pacto de coalizão visando encerrar o impasse criado pelo pleito de março, responderam com fúria a Mattarella, acusando-o de abusar do cargo.
O líder do 5 Estrelas, Luigi Di Maio, pediu ao Parlamento o impeachment do conciliador Mattarella, e o chefe da Liga, Matteo Salvini, ameaçou protestos em massa a menos que eleições antecipadas sejam convocadas.
(Por Crispian Balmer, Massmiliano Di Giorgio e Steve Scherer; reportagem adicional de Giuseppe Fonte, Massimiliano di Giorgio, Giselda Vagnoni, Stefano Bernabei, Stephen Jewkes, Valentina Za e Giulia Segreti)