BEIRUTE (Reuters) - O presidente libanês não aceitará a renúncia do primeiro-ministro, Saad al-Hariri, até que ele retorne ao Líbano, disseram fontes do palácio neste domingo, adiando por ora as consultas politicamente difíceis sobre seu sucessor.
Hariri deixou o Líbano rumo à Arábia Saudita na sexta-feira e renunciou ao cargo no sábado em um comunicado televisionado que pegou o sistema político libanês de surpresa.
Ele citou uma conspiração para assassiná-lo e criticou o papel regional do Irã e seu aliado libanês, o Hezbollah, mas o exército libanês informou neste domingo não ter identificado qualquer complô.
O movimento devolveu o Líbano à arena de rivalidade regional entre a sunita Arábia Saudita, aliada de Hariri, e o xiita Irã, que apoia o Hezbollah.
O presidente libanês, Michel Aoun, que é aliado político do Hezbollah, decidirá se aceita ou rejeita o pedido de renúncia de Hariri quando o primeiro-ministro retornar ao país para explicar o motivo, afirmaram as fontes do palácio presidencial.
O jornal saudita Asharq al-Awsat citou fontes próximas a Hariri especulando que ele provavelmente permaneceria fora do Líbano por causa de ameaças a sua segurança.
O presidente do Banco Central, Riad Salameh, buscou acalmar temores de que a turbulência política gerada pela tentativa de renúncia de Hariri abalaria a já frágil economia libanesa, emitindo comunicado para assegurar a estabilidade da moeda.
De acordo com o sistema sectário libanês, o presidente deve ser católico maronita, o primeiro-ministro um sunita e o porta-voz do parlamento um xiita.
Hariri é o mais influente político sunita do Líbano. Seu pai, Rafik al-Hariri, foi primeiro-ministro aopis a guerra civil de 1975 a 1990 e foi assassinado em um atentado a carro-bomba em 2005. Um tribunal apoiado pela ONU indiciou cinco membros do Hezbollah por sua morte, mas o grupo nega qualquer envolvimento.
(Por Angus McDowall)