Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - Pressionada pela base aliada, a presidente Dilma Rousseff estuda alterações no comando da Casa Civil, mas a decisão não está tomada e nem está sendo debatida abertamente no governo, disseram auxiliares próximos à presidente.
As definições devem ocorrer no fim de semana e o anúncio no início da próxima semana, disseram as fontes.
Durante jantar no Palácio do Alvorada na segunda-feira, os governadores da base aliada somaram-se à pressão para que Aloizio Mercadante seja substituído na Casa Civil.
Com o ministro na sala, alguns dos presentes cobraram mudanças drásticas na articulação política, sem citar nominalmente Mercadante, disse uma fonte que participou do encontro.
Apesar de não ser diretamente responsável pela área, o chefe da Casa Civil é conhecido por interferir na relação política, segurar e trocar nomeações, criando atritos na Câmara e no Senado e mesmo dentro do governo.
O vice-presidente Michel Temer, durante o período em que esteve à frente da articulação, se queixou diversas vezes de que acordos costurados por ele foram depois minados por Mercadante. Mesmo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já pediu reiteradas vezes a mudança do ministro.
Uma das possibilidades mais fortes seria manter a Secretaria de Relações Institucionais --que é a responsável direta pela relação com o Congresso-- sob o comando da Casa Civil e nas mãos de Giles Azevedo, assessor especial e homem de confiança de Dilma. O nome de Giles é elogiado e a mudança seria aceita pela base aliada, disseram as fontes, desde que Mercadante não se mantenha como ministro.
Apesar das pressões, o chefe da Casa Civil ainda é visto por Dilma como um de seus auxiliares de maior confiança e a decisão, avaliam as fontes, não será fácil de ser tomada. Além de tirar Mercadante da Casa Civil, Dilma terá que encontrar outro posto para o ministro.
Três nomes têm circulado como possíveis substitutos: Aldo Rebelo, atual titular de Ciência e Tecnologia, que já foi chefe da Secretaria de Relações Institucionais no governo Lula e tem ótimas relações no Congresso, mas não teria o perfil gerencial exigido pela pasta; o ministro Jaques Wagner, atualmente na Defesa, preferido de Lula e que tem as duas características; e a ministra da Agricultura, Katia Abreu, cujo nome subiu nas bolsas de apostas nesta quarta-feira.
Além de ter boas relações com o Congresso e perfil também gerencial, Katia Abreu possui ainda a vantagem de ter se tornado amiga pessoal da presidente. Até o início da noite desta quarta-feira, no entanto, Katia garantia a auxiliares não ter sido convidada e nem mesmo conversado sobre o tema com a presidente.
Um ministro próximo a Dilma disse, sob condição de anonimato, que a presidente tem "se fechado em copas" e não vem discutido possíveis nomeações com ninguém.
"Ela não vai discutir nomeação ou demissão de um ministro com outro ministro", afirmou essa fonte à Reuters.
O próprio desenho da reforma ainda não estaria totalmente fechado. Uma alternativa para Mercadante seria, por exemplo, a volta para um Ministério da Educação reforçado com Ciência e Tecnologia e Cultura. Essa alternativa está sendo debatida pelo governo, mas um secretário do Ministério da Educação disse à Reuters que há uma avaliação de que a mudança incharia demais a já enorme estrutura da pasta.
As decisões devem ser tomadas por Dilma em reuniões durante o fim de semana. Ela prometeu anunciar a reforma até quarta-feira, quando embarca para Nova York, onde vai participar da abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas.