Por Mitra Taj e Marco Aquino
LIMA (Reuters) - Procuradores anticorrupção do Peru pediram a um juiz que impeça o presidente Pedro Pablo Kuczynski de deixar o país sul-americano horas depois de ele anunciar sua renúncia tendo em vista um impeachment quase certo, disse na noite de quarta-feira uma fonte do Judiciário à Reuters.
Kuczynski, ex-banqueiro de Wall Street de 79 anos que chegou a ter cidadania norte-americana, tem direito a imunidade presidencial contra processos até o Congresso aceitar formalmente sua renúncia e o vice-presidente, Martín Vizcarra, ser empossado em seu lugar.
Luis Galarreta, o presidente do Congresso, disse que isso provavelmente acontecerá na sexta-feira.
Kuczynski nega qualquer irregularidade e prometeu cooperar com uma investigação de corrupção sobre suas conexões com a empreiteira brasileira Odebrecht, que admitiu ter subornado autoridades em toda a América Latina.
O Força Popular, partido de oposição de direita que controla o Congresso, primeiro tentou tirar Kuczynski do cargo em dezembro depois de revelar que ele omitiu pagamentos feitos pela Odebrecht à sua consultoria, sediada no Estado norte-americano da Flórida, quando ocupava um cargo em um governo anterior.
Kuczynski passou meses prometendo não renunciar e culpando a oposição de direita por escândalos constantes que disse o terem impossibilitado de governar o Peru, um dos mercados latino-americanos mais estáveis e o segundo maior produtor mundial de cobre.
Mas gravações secretas de áudio e vídeo divulgadas nesta semana implicaram o presidente em alegações de compra de votos que levaram até seus apoiadores mais fiéis a pedirem sua saída.
Kuczynski disse que o material, no qual aliados seus são ouvidos oferecendo acesso a contratos de obras públicas lucrativos em troca de apoio político contra um processo de impeachment, foi editado e é parte de uma campanha incansável para difamá-lo.
Mas o clima político hostil se tornou insustentável, acrescentou.
O Peru tem um histórico de prisões de ex-presidentes e de presidentes foragidos. O ex-presidente autoritário Alberto Fujimori fugiu do Peru para o Japão, terra de seus pais, quando sua década no poder terminou com um escândalo de corrupção e protestos.
No ano passado o ex-presidente Ollanta Humala recebeu uma pena de até 18 meses de detenção pré-julgamento enquanto procuradores preparam acusações relacionadas à Odebrecht.
(Reportagem adicional de Teresa Cespedes e Maria Cervantes em Lima e Roberta Rampton em Washington)