Por Amanda Becker e David Morgan
WASHINGTON (Reuters) - O Senado dos Estados Unidos adiou a votação de uma reforma tributária defendida pelos republicanos na quinta-feira e se estima que uma emenda ambicionada por defensores do rigor fiscal para tratar de uma grande expansão do déficit orçamentário federal que deve resultar da medida seja apresentada.
O Senado debateu a legislação até tarde na quinta-feira e encerrou a sessão, adiando qualquer votação para a manhã desta sexta-feira. Não ficou claro se uma votação decisiva do projeto de lei ocorrerá.
O adiamento sublinhou os temores persistentes de conservadores fiscais republicanos sobre o impacto do projeto de lei no déficit. Isso, por sua vez, criou a possibilidade dos cortes de impostos terem que ser moderados, de aumentos de impostos futuros serem inseridos e de alguns conservadores tentarem acrescentar cortes de gastos – abordagens que poderiam criar novos problemas políticos.
O diretor de assuntos legislativos da Casa Branca, Marc Short, disse aos repórteres no Capitólio: "Não acho que os cortes de impostos serão reduzidos. Acho que continuaria sendo um alívio tributário histórico para corporações e para famílias de renda média".
O projeto de lei tributária é visto pelos republicanos como crucial para suas perspectivas para as eleições de novembro de 2018, quando lutarão para manter o controle do Senado e da Câmara dos Deputados.
Desde que tomou posse, em janeiro, o presidente norte-americano Donald Trump e os republicanos hoje no comando do Congresso ainda lutam para aprovar leis importantes, um fato que esperam mudar com a reforma tributária proposta, que seria a maior desde os anos 1980.
Os democratas, que devem se opor unanimemente ao projeto de lei tributária, o rejeitaram por vê-lo como um afago aos ricos e às grandes empresas.
O senador republicano Bob Corker e outros tentaram acrescentar uma cláusula ao projeto que desencadeia aumentos de impostos futuros automáticos se os cortes de impostos não fortalecerem a economia e gerarem renda suficiente para compensar a expansão do déficit, mas os parlamentares do Senado barraram o "gatilho" de Corker.
A emenda do gatilho era necessária para conquistar o voto de Corker e outros preocupados com o déficit – preocupações que aumentaram quando analistas do Congresso disseram que o projeto de lei não estimulará a economia o suficiente para compensar o aumento do déficit previsto, como sustenta o governo Trump.