Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - Diante da desistência do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa, principal aposta do PSB para a disputa pela Presidência da República, o partido não tem, no momento, preferência por outro pré-candidato, mas irá considerar as possibilidades no campo da centro-esquerda levando em conta a conjuntura do país e suas estratégicas candidaturas a governos estaduais, disse o presidente da legenda, Carlos Siqueira.
Encarado até então como um dos possíveis candidatos com maior potencial eleitoral e uma boa colocação nas pesquisas, Barbosa anunciou na manhã desta terça-feira, por meio do Twitter, que não pretende mais disputar a Presidência, jogando um balde de água fria na expectativa de boa parte do PSB.
“Não vamos ter preferência de imediato por ninguém, porque precisamos consultar as pessoas. Temos 10 candidatos a governador de Estado. Não vamos brincar de fazer política, vamos tomar decisões sobretudo que, em primeiro lugar, entendamos que seja melhor para o país e, em segundo lugar, que seja benéfica para o partido”, disse Siqueira à Reuters.
“Existem candidaturas importantes para governos estaduais que nós não vamos abrir mão de ter apoios”, acrescentou.
Siqueira comentou que, ainda na semana passada, em uma longa reunião com Barbosa para discutir, entre outros pontos, a contratação de assessoria de imprensa e jurídica, o ministro disse ainda não estar convencido sobre sua candidatura.
Na manhã desta terça, antes de dar publicidade à sua decisão de não entrar na disputa, Barbosa ligou para Siqueira.
“Ninguém pode ser candidato sem querer. Isso precisa, além de tomar gosto pela candidatura, de muita determinação, uma mudança radical de vida, compreendo perfeitamente”, disse o presidente do PSB. “Ele agradeceu, foi muito gentil, foi tudo na paz, tudo conforme nós combinamos, só que ao invés de dar certo, não deu. Deu na desistência dele.”
Os próximos passos do PSB serão definidos, diz o presidente, a partir de uma larga consulta interna e de uma reunião da Executiva do partido, mas não há “pressa” para essa definição.
“Isso não é assim correndo, deixa a poeira baixar, absorver a decisão e fazer as consultas internas, que são necessárias. E depois vamos convocar a Executiva e tomar a decisão”, afirmou.
Uma fonte que acompanha as negociações do partido afirmou que o PSB já havia sido procurado pelo PDT. Em troca de apoio ao pré-candidato Ciro Gomes, os pedetistas ofereciam alianças à dezena de candidatos estaduais do PSB.
“Foi um aceno importante, considerável”, disse a fonte, lembrando que há identificação entre os dois partidos, que integram o mesmo campo ideológico.
O PDT teve um “namoro” com os socialistas em Pernambuco, mas daí a uma aliança nacional há um longo caminho. Outras propostas são consideradas e há de se levar em conta as conversas do PDT com o PT.
Além de Pernambuco, terra de figuras históricas do partido como Miguel Arraes e Eduardo Campos e onde o PSB buscará um novo mandato de governador para Paulo Câmara, os socialistas também têm uma eleição importante em São Paulo, onde Márcio França tentará permanecer no Palácio dos Bandeirantes.
Em solo paulista, no entanto, França articula aliança com uma ampla gama de partidos de todo o espectro político e é aliado do pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, de quem foi eleito vice em 2014. França, que assumiu o Estado em abril, após a renúncia do tucano para disputar o Planalto, já defendeu a candidatura de Alckmin, embora o PSDB no Estado tenha lançado João Doria para o governo local.
O alinhamento ideológico e programático pesará de maneira determinante na decisão a ser tomada pelo PSB em termos de aliança nacional, diz a fonte, para quem a decisão, além de programática, deverá ser pragmática.
Segundo a fonte, uma aliança com a ex-senadora e pré-candidata da Rede, Marina Silva, está fora de cogitação.