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PT condena golpismo e sugere mudanças na economia

Publicado 29.10.2015, 19:46
© Reuters. Presidente do PT, Rui Falcão (D), participa ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (E) de encontro do partido em São Paulo
PBR
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BRASÍLIA (Reuters) - O PT defendeu em documento aprovado pelo diretório nacional a necessidade de garantir a governabilidade da presidente Dilma Rousseff e combater o "golpismo", além de sugerir mudanças na política econômica.

O texto sobre a conjuntura política do país aponta uma "intensa ofensiva conservadora", principalmente da oposição, e critica ala de integrantes da base que dificultaram a situação do governo no Congresso Nacional, creditando a fragilidade de manutenção da base aliada à queda de popularidade de Dilma.

"O Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores, nestas circunstâncias, considera que o principal objetivo tático é derrotar a escalada golpista, isolar a oposição de direita e recuperar as condições plenas de governabilidade", diz o documento divulgado após reunião do diretório nesta quinta-feira.

"A situação congressual agravou-se também pela preponderância, dentro da bancada do PMDB na Câmara dos Deputados, de sua ala mais reacionária, capitaneada pelo deputado Eduardo Cunha", afirma o texto.

"Depois de conquistada a presidência da Casa, o parlamentar rapidamente pactuou com o bloco PSDB-DEM-PPS e assumiu a liderança de uma agenda para contrarreformas, além de flertar com o impeachment presidencial", diz.

Cunha, que rompeu com o governo após ser acusado por um delator da Lava Jato de receber 5 milhões de dólares em propina no esquema de corrupção da Petrobras (SA:PETR4), é alvo de denúncia e inquérito no STF e também tem pedido de cassação de seu mandato no Conselho de Ética da Câmara.

Em entrevista a jornalistas, o presidente do PT, Rui Falcão, afirmou que durante reunião chegou-se a aventar a hipótese de o partido também apresentar uma representação contra o presidente da Câmara no Conselho de Ética Casa. A proposta, no entanto, foi rejeitada.

Mais cedo, o presidente do PT afirmou que os deputados da bancada votarão de acordo com orientações da direção partidária no processo contra Cunha já em curso no Conselho de Ética.

O governo vem evitando tomar iniciativas contra o presidente da Câmara, que tem a prerrogativa de aceitar ou arquivar pedidos de impeachment contra Dilma. Cunha já deu a entender a aliados que pode fazer uso dessa prerrogativa caso o Ministério Público peça seu afastamento da presidência da Câmara.

CRESCIMENTO ECONÔMICO

Falcão defendeu, na entrevista, a necessidade de garantir a governabilidade de Dilma para a retomada do crescimento econômico. Disse, no entanto, que não poderá ser construída sob ameaças de impeachment ou de votações das chamadas "pautas-bomba", matérias com impacto nas contas públicas.

A resolução aprovada pelo diretório petista faz menção a dois documentos, um redigido pela Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT, e outra pela bancada petista de deputados, com sugestões de mudanças na política econômica, como a taxação de grande fortunas, de juros sobre lucros e dividendos, ênfase no mercado interno, ao crédito e à redução gradual da taxa de juros.

"A recuperação fiscal do Estado deve ser encaminhada, como tem reafirmado o PT, com medidas que aumentem a tributação sobre a renda, a riqueza e a propriedade dos extratos mais abastados, ao mesmo tempo em que o governo reduza seus gastos financeiros, através do rebaixamento paulatino da taxa de juros", diz o texto, que também defende a recriação da CPMF.

O documento sugere ainda a retomada do "funcionamento pleno" do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República.

© Reuters. Presidente do PT, Rui Falcão (D), participa ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (E) de encontro do partido em São Paulo

Questionado sobre a possibilidade de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se candidatar à Presidência em 2018, Falcão disse não saber se ele está disposto. "Mas que nós queremos ele como candidato em 2018, isso podemos dizer. Mas essa decisão não está tomada ainda."

(Reportagem de Maria Carolina Marcello)

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