Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, contrariou pedido da defesa do presidente Michel Temer e defendeu a continuidade das apurações no inquérito em que ele é investigado sob suspeita de corrupção passiva e lavagem de dinheiro na edição de um decreto este ano que mudou regras do sistema portuário.
Em manifestação ao Supremo Tribunal Federal (STF) na quinta-feira, Dodge disse que não foram concluídas as apurações do inquérito. Ela destacou que o inquérito é recente e ainda há diligências pendentes de serem cumpridas, segundo a assessoria de imprensa da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Esta semana, por exemplo, o relator do inquérito no STF, ministro Luís Roberto Barroso, determinou que a Polícia Federal formule as perguntas para o presidente, que já avisou que vai responder por escrito.
A procuradora-geral da República afirmou ainda que somente após a conclusão dessa fase da investigação será possível definir se o caso será arquivado por falta de provas, novas apurações serem requeridas ou se Temer sereá alvo de uma denúncia criminal.
No final de setembro, Barroso havia pedido uma manifestação de Dodge a respeito das petições dos advogados de Temer em que alegam que o presidente não cometeu qualquer irregularidade na edição do decreto.
A defesa do presidente havia apresentado ao inquérito documentos internos do governo que justificaram a posição de se editar o decreto.
O advogado de Temer, Antonio Cláudio Mariz de Oliveira, disse à Reuters ter considerado normal a manifestação da procuradora-geral e não vê como uma contrariedade aos pedidos da defesa. Afirmou que as petições apresentadas visavam a esclarecer pontos da investigação e que, no momento, o presidente aguarda para responder as perguntas a serem formuladas pela PF.
Com a rejeição da segunda denúncia feita pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot pela Câmara na noite da última quarta, a apuração sobre os portos é a única investigação a que Temer responde no exercício do cargo.
A suspeita é que Temer teria atuado de forma ilegal, em conjunto com o ex-assessor Rodrigo Rocha Loures, na edição do decreto para prorrogar os contratos de concessão e arrendamento portuários. 2017-10-27T205827Z_1_LYNXMPED9Q20I_RTROPTP_1_POLITICA-DOGDE-TEMER-PORTOS.JPG