BRASÍLIA (Reuters) - O relator do processo da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Herman Benjamin, votou na manhã desta sexta-feira para cassar a dupla por terem comprado apoio de outros partidos e permitirem, dessa forma, aumentar o tempo de rádio e TV da coligação.
Benjamin disse que tanto os executivos da Odebrecht quanto o marqueteiro João Santana relataram negociações com as legendas para ampliar o tempo de televisão. Ele rechaçou as alegações da defesa de Dilma Rousseff de que os partidos "comprados" ingressaram na coligação por afinidade ideológica e que integravam a chapa com o PT desde 2006.
O relator afirmou ter havido compra de apoio de partidos aliados à coligação encabeçada por Dilma e Temer em 2014, com o uso de recursos da empreiteira. Ele mencionou, conforme depoimentos, que Pros, PRB e PCdoB receberam recursos, em casos até dinheiro vivo em hotéis, em troca do tempo televisivo.
O ministro destacou ter tido a melhor das impressões do ex-tesoureiro oficial da campanha Edinho Silva, que foi ouvido no processo. Mas ressalvou: "a rigor, dos autos, havia dois tesoureiros, o oficial, que era ele (Edinho Silva), e um informal, em contato direto com Marcelo Odebrecht, para fins aí sim de utilizar desses recursos de 150 milhões de reais".
O relator disse que houve uma triangulação nos negócios e explicou o fundamento do seu voto.
"Aqui não importa se os recursos foram efetivamente para a compra do rádio e televisão, o que importa é que esses recursos foram pedidos e recebidos de forma ilícita, então para fins de cassação da chapa, investigar as profundezas do pedido, a psicologia do pedido, essa destinação específica para o rádio e televisão, investigar tudo isso é desnecessário, embora comprovado", afirmou
(Reportagem de Ricardo Brito)