Por James Oliphant
SPOTSYLVANIA, Virgínia (Reuters) - Na última vez que foram realizadas eleições legislativas em Spotsylvania, distrito do centro do Estado norte-americano da Virgínia, Meg Sneed votou em Dave Brat, republicano que já ocupava uma vaga de deputado, enquanto a amiga Cheryll Lesser nem sequer foi votar.
Na semana passada as duas estavam na segunda fileira de um comício realizado em uma academia de artes marciais ouvindo a democrata que concorre contra Brat, Abigail Spanberger, e concordaram com muito do que ela tinha a dizer.
Mas a verdadeira razão de sua presença era básica: Donald Trump. Elas não gostam do presidente, e não estão dispostas a votar em ninguém que o apóie, como Brat.
"Mais do que as políticas, é a animosidade que ele está fomentando no país", disse Meg a respeito de Trump.
Eleitoras como ela e Cheryll são um motivo considerável para os democratas estarem acreditando agora que o partido pode conseguir mais do que as 23 cadeiras adicionais de que precisa para assumir o controle da Câmara dos Deputados nas eleições de meio de mandato de 6 de novembro. Alguns preveem que os democratas podem conseguir até 40 vagas convertendo distritos como o de Brat na Virgínia.
No início deste ano a cadeira de Brat era considerada garantida. Mas se a chamada "onda azul" se materializar, levará distritos como o seu, que inclui bolsões de eleitores que vêm se afastando cada vez mais dos republicanos.
"Os republicanos estão na defensiva em cada vez mais lugares", disse Doug Heye, ex-funcionário do Comitê Nacional Republicano. "O mapa dos democratas continua a crescer. O mapa dos republicanos continua a encolher. Isso é um problema real".
Se os democratas conquistarem a Câmara, grande parte da pauta de Trump será freada e seu governo será alvo de uma devassa ainda maior.
A previsão é que os republicanos manterão o Senado. Se por um lado os democratas precisam de somente dois assentos para controlá-lo, também precisam defender cadeiras em vários Estados conservadores.
Os democratas inundaram de recursos não somente distritos como o de Brat, mas outros que entraram em sua lista de territórios em disputa em locais como a Pensilvânia, Carolina do Norte, o sul da Califórnia e outras partes da Virgínia, como o distrito representado atualmente pelo republicano Scott Taylor.
Neste último Estado eles têm sido apoiados por grupos de ativistas abastados como o House Majority PAC, que começou a veicular anúncios de televisão anti-Brat no mês passado, e o NextGen, fundado pelo bilionário californiano Tom Steyer, que neste verão decidiu iniciar esforços para incentivar o comparecimento do eleitorado jovem do distrito.