Por Sarah Marsh e Juliana Castilla
BUENOS AIRES (Reuters) - Os argentinos votavam neste domingo para escolher um novo presidente da República em uma eleição que irá moldar a recuperação da conturbada economia do país sul-americano, com o candidato governista, Daniel Scioli, como favorito para ganhar com uma plataforma de "mudança gradual".
A votação ocorria com tranquilidade na capital, Buenos Aires, onde as crianças se juntaram aos seus pais na fila, e não houve relatos de problemas logísticos da região florestal ao norte até as planícies da Patagônia no sul.
Pesquisas de opinião mostram Scioli, da esquerdista Frente Para a Vitória, com uma forte vantagem sobre seus rivais, mas ainda não está claro um triunfo definitivo e ele pode ser forçado a disputar um segundo turno no mês que vem.
Na cidade de San Justo, a oeste da capital, a presidente Cristina Kirchner é adorada pela classe pobre e trabalhadora pelas suas políticas generosas de bem-estar e protecionistas, mas criticada por outros por estrangular a economia depois que um boom alimentado pelas commodities acabou.
Scioli e seus principais adversários propõem mudanças na política para retomar o crescimento, restaurar as quase vazias reservas líquidas do banco central, reduzir o déficit fiscal e controlar a inflação elevada. Mas eles divergem sobre o ritmo e a profundidade da reforma.
Scioli adverte contra mudanças abruptas e promete manter os programas de bem-estar social de Cristina.
Seu rival mais próximo é Mauricio Macri, prefeito conservador de Buenos Aires, que promete agir rapidamente para abrir a terceira maior economia da América Latina, mas é visto por muitos como favorável aos ricos.
"Eu quero que Scioli ganhe. Macri não se preocupa com as pessoas. Ele não tem ideia do que é ser pobre", disse Carolina Carrizo, de 28 anos, moradora de San Justo cuja família vive com benefícios sociais desde que seu marido machucou as costas dois anos atrás.
"Eu gosto de como o país está no momento e acho que Macri vai reverter o progresso."
Para ganhar neste domingo, Scioli precisa de 45 por cento dos votos, ou 40 por cento se conseguir uma vantagem de 10 pontos percentuais sobre seu rival mais próximo. As pesquisas mostram que ele tem cerca de 40 por cento, com Macri se aproximando dos 30 por cento.
Scioli, um ex-campeão de corrida de lanchas que perdeu o braço direito em uma prova em 1989, parecia tranquilo na fila para votar ao lado de sua mulher.
"Espero que as pessoas optem por continuar o que já fizemos", disse Scioli antes de depositar seu voto em uma urna de papelão.
A eleição marca o fim de 12 anos do "kirchnerismo" com as presidências de Cristina e seu falecido marido e antecessor, Néstor Kirchner. Para seus partidários, eles foram responsáveis por estimular o crescimento, proteger a indústria argentina e ajudar os pobres depois de uma enorme crise econômica em 2001-02.
(Reportagem adicional de Jorge Otaola e Maximiliano Rizzi)