(Reuters) - A possibilidade de a reforma da Previdência não ser aprovada pelo Congresso Nacional não causará um "desastre definitivo" para o Brasil, pois o governo tem "outros meios", disse nesta quinta-feira o presidente Michel Temer em entrevista à TV Bandeirantes, sinalizando que haveria aumento de imposto caso a reforma fracasse.
"Não é bom para o Brasil (se reforma da Previdência não passar). Agora, não é um desastre definitivo, porque nós teremos outros meios", disse o presidente na entrevista, na qual classificou a tese de que o Brasil acaba caso as mudanças previdenciárias não sejam aprovadas de "absurdo".
"Eu cheguei aqui (à Presidência) sob o signo da CPMF. Passou um ano e nós não falamos em imposto. Sabe por que não falamos em imposto? Porque estamos fazendo as reformas", disse. "Agora, se não passar, você vai me perguntar: 'Será preciso criar imposto?' Eu não sei, mas de repente se faz necessário, mas o Brasil não vai parar por causa disso", afirmou.
Temer também disse na entrevista, ao apresentador José Luiz Datena, que a reforma da Previdência só irá à votação no plenário da Câmara dos Deputados quando o governo "contar os votos" e sentir que tem o apoio de 308 deputados, necessários para aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) das mudanças previdenciárias.
"Vai para o plenário quando nós tivermos contado os votos", disse Temer. "Mas nós vamos chegar lá (em 308 votos) com toda a tranquilidade."
Indagado sobre eventuais novas mudanças no texto da reforma, já aprovado em comissão especial da Câmara, Temer afirmou que o tema caberá ao Congresso, mas reconheceu que chegou "ao ponto ideal" e que novas alterações "não seriam bem-vindas".
O presidente voltou a defender as reformas trabalhista e da Previdência. Sobre as alterações nas leis que regem as relações do trabalho, Temer afirmou que elas não retiram direitos, pois esses direitos estão garantidos na Constituição. Já sobre as mudanças previdenciárias, o presidente disse que os únicos prejudicados serão aqueles que hoje detêm "privilégios".
"Quem vai perder são os privilegiados, porque nós vamos fazer uma equiparação", afirmou.
(Por Eduardo Simões)