Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - Apesar do discurso otimista de lideranças da base nos últimos dias, o governo do presidente Michel Temer decidiu adiar para esta quinta-feira uma decisão sobre se a nova versão da reforma da Previdência será colocada em votação no plenário da Câmara dos Deputados na próxima semana.
Essa posição foi tomada em jantar na noite de quarta promovido por Temer no Palácio da Alvorada com a presença de 19 ministros, 7 presidentes de partidos, 18 deputados, boa parte deles líderes de bancada, e o secretário de Previdência Social, Marcelo Caetano.
A expectativa inicial dos governistas era tratar a quarta como o "Dia D" da reforma, marco para acertar a votação da proposta a partir de um número seguro de votos. Contudo, após pente-fino nas bancadas feito por dirigentes partidários, o Palácio do Planalto ainda não tem segurança que dispõe de ao menos 308 votos para pedir ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para pautar a votação do texto.
Durante a quarta, uma série de aliados divulgaram números díspares de apoios à reforma, motivo de advertência pública feita pelo próprio Rodrigo Maia.
"Alguns partidos trouxeram as suas informações das bancadas e outros estão ainda conversando com suas bancadas. Ficou definido, até a pedido do presidente Michel Temer, para que eles tragam essas informações até o meio dia de amanhã para o líder (do governo na Câmara) Aguinaldo Ribeiro e só dessa maneira vamos fazer o fechamento (para realizar a votação). Lógico, com esse fechamento, o presidente Rodrigo Maia vai ter condições de analisar se pauta já para a próxima semana", disse o deputado Beto Mansur (PRB-SP), um dos vice-líderes do governo na Câmara, em entrevista coletiva após o jantar.
Mansur disse que a base vai trabalhar "intensamente" para aprovar a reforma ainda este ano e destacou que ainda faltam 15 dias de trabalhos legislativos antes do início do recesso parlamentar.
"Estamos chegando num número positivo para colocar em votação", reforçou.
A partir de uma articulação direta de Temer no fim de semana, a aposta do governo e aliados era tentar fechar a conta dos apoios na quarta para começar a discutir a proposta na segunda-feira e votá-la em seguida, no primeiro turno.
Uma das principais apostas para garantir esse calendário era o fechamento de questão a favor da reforma pelos partidos da base, o que pressionaria os deputados a apoiarem a reforma sob risco de serem punidos internamente dentro de suas legendas.
Contudo, até o momento somente o PMDB, partido de Temer e que é a maior bancada da Câmara, com 60 deputados, e o PTB, com apenas 16 deputados, fecharam questão.
O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, chegou a dizer na terça que esperava que 7 partidos da base mais o PSDB, que deverá deixar o governo em convenção partidária no sábado, seguissem essa linha de atuação na reforma.
De modo geral, no entanto, os partidos da base têm sinalizado que querem apoiar a reforma por meio do convencimento de seus parlamentares.
Para aprovar a reforma na Câmara são necessários os votos de 308 dos 513 deputados em dois turnos de votações no plenário da Casa. Posteriormente, a Proposta de Emenda à Constituição que muda as regras previdenciárias terá ainda de ser analisada pelo Senado.