Por Richard Cowan e Amanda Becker
WASHINGTON (Reuters) - Brett Kavanaugh, o conturbado indicado do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à Suprema Corte norte-americana, parecia pronto para receber confirmação do Senado neste sábado, apesar de acusações de condutas sexuais impróprias e ataques contra seu caráter e seu temperamento.
Após semanas de intensos debates que prenderam atenção da nação, o juiz conservador da corte de apelações recebeu na sexta-feira promessas de apoio de dois senadores de centro, deixando nenhum caminho livre no Senado para oponentes bloquearem a trajetória de Kavanaugh.
Mais cedo na sexta-feira, ele sobreviveu por pouco a um teste processual, quando senadores votaram por 51 a 49 para avançar com sua indicação para uma votação final, que estava marcada para as 18h deste sábado, no horário de Brasília. A votação pode acontecer um pouco mais cedo, no entanto.
A confirmação de Kavanaugh dará a Trump uma vitória clara em seus avanços para consolidar domínio conservador na Suprema Corte. O resultado é amargo para democratas, que não conseguiram ter seu indicado liberal confirmado por conta de táticas republicanas de adiamento em 2016.
Os republicanos mantiveram um assento vazio naquele ano, que foi preenchido por Trump em 2017 com o juiz conservador Neil Gorsuch. O juiz Anthony Kennedy, que Kavanaugh irá substituir, se aposentou neste ano após décadas sendo um voto decisivo do tribunal.
Com casos divergentes sobre direitos de aborto, imigração, direitos de pessoas transgênero e regulação de negócios seguindo para o tribunal, Kavanaugh provavelmente dará vantagem aos conservadores.
Sua confirmação também irá permitir que Trump faça campanha nas eleições congressionais de 6 de novembro se vangloriando de ter cumprido sua promessa de 2016 de moldar um judiciário mais conservador.
Encerrando um dia de suspense na sexta-feira, a senadora republicana Susan Collins, do Maine, declarou no plenário do Senado: “Irei votar para confirmar o juiz Kavanaugh”.
Ela elogiou seu histórico de decisões judiciais e argumentou que não havia corroboração de acusações de abuso sexual feitas contra ele pela professora universitária Christine Blasey Ford. Duas outras mulheres também acusaram Kavanaugh de condutas sexuais impróprias décadas atrás.
Kavanaugh negou todas as acusações.
Momentos após Collins prometer apoiar Kavanaugh, o senador democrata Joe Manchin, em uma acirrada corrida para reeleição na Virgínia Ocidental, onde Trump é popular, também declarou seu apoio, deixando poucas dúvidas sobre uma vitória republicana.
Senadores então aguentaram uma rara sessão durante toda a noite para cumprir a exigência de 30 horas de debate após a votação de sexta-feira.
Com a segurança mais rígida que o normal, um grande grupo de manifestantes se juntou no Capitólio, gritando “Nós acreditamos em sobreviventes (de abusos sexuais)” e “Vergonha”.
Senadores republicanos, com exceção de Lisa Murkowski, apoiaram Kavanaugh, em uma ação que pode ecoar, especialmente entre eleitoras mulheres, nas eleições de 6 de novembro para determinar controle do Senado e da Câmara dos Deputados.