PARIS (Reuters) - O presidenciável socialista francês Manuel Valls se distanciou de seu principal rival na disputa da candidatura de seu partido nesta sexta-feira e deixou a porta aberta para apoiar o centrista independente Emmanuel Macron.
O ex-primeiro-ministro, que pertence à ala mais à direita de sua legenda, fez o comentário na BFM TV antes da primária partidária de domingo, na qual seu rival mais à esquerda, Benoît Hamon, é o favorito para derrotá-lo a se tornar o candidato socialista oficial.
Seus comentários vieram na esteira de boatos de que alguns dos apoiadores de Valls no Parlamento estão se preparando para apostar suas fichas em Macron, centrista cujas políticas pró-empresariado são próximas das de Valls, se o mais tradicionalista Hamon vencer.
"Irei ficar na retaguarda", respondeu Valls quando indagado sobre o que faria se perder no domingo.
"Estou no coração do movimento progressista de Hamon a Macron, porque temos que consolidá-lo", acrescentou.
O termo "progressista" é usado na França para definir um agrupamento à esquerda do centro, mas não necessariamente socialista por natureza.
Pesquisas de opinião mostram Macron firme na terceira colocação na corrida pelo Palácio do Eliseu e como uma alternativa aos mais bem posicionados concorrentes da esquerda e da direita, o conservador François Fillon e a líder de direita Marine Le Pen.
Macron foi ministro ao lado de Valls no governo do presidente socialista francês, François Hollande, e renunciou no ano passado para lançar sua campanha presidencial.
Mas ele não era membro do partido e rejeitou as primárias socialistas que Valls e Hamon estão disputando, tendo inaugurado seu próprio movimento político centrista no último verão francês.
As pesquisas indicam que os governistas têm pouca chance de conquistar a Presidência, independentemente de quem seja o candidato socialista.
Mas se Hamon triunfar no final de semana e um apoio socialista significativo se transferir para o campo de Macron, isso poderia mudar a dinâmica da disputa.
Sondagens recentes ainda colocam Fillon e Le Pen como os mais prováveis para ficar com a primeira e a segunda posições na votação de 23 de abril e Fillon saindo vencedor no segundo turno de 7 de maio.
Mas alguns levantamentos mostraram Macron na etapa decisiva no lugar de Fillon, e outros indicam que ele substituiria Le Pen. Nestes casos os institutos de pesquisa concordam que o ex-banqueiro de investimento de 39 anos, que jamais concorreu a um cargo eletivo, seria difícil de derrotar.
(Por Emmanuel Jarry e Andrew Callus)