Por Gavin Jones
POMIGLIANO D'ARCO, Itália (Reuters) - Em uma igreja barroca da comuna de Pomigliano d'Arco, no sopé do Monte Vesúvio, um grupo de italianos carentes recebendo alimento e outras doações do padre local não tem dúvidas em quem votar na eleição parlamentar de 4 de março.
Os pobres, assim como o padre e sua equipe de voluntários, dizem que votarão no anti-establishment Movimento 5-Estrelas, o único partido que acreditam oferecer esperança de renovação em uma das regiões economicamente mais carentes da Europa.
"Não há trabalho aqui, e os outros partidos nos abandonaram", disse Domenico Ilardi, de 58 anos, que recentemente perdeu seu emprego na administração de uma empresa aeronáutica.
Pesquisas de opinião dão ao 5-Estrelas cerca de 28 por cento dos votos, o que faria dele o maior partido do país. Seus índices são bem maiores em cidades do sul como Pomigliano, onde uma fábrica da Fiat demitiu cerca de 14 mil dos 18 mil empregados que teve em seu auge, nos anos 1980, e o desemprego é o dobro da média nacional.
Mas como o sistema eleitoral da Itália favorece alianças pré-votação rejeitadas pelo 5-Estrelas, o partido tem pouca chance de governar sozinho, e está atrás da coalizão conservadora do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi.
Uma nova lei eleitoral, aprovada pelo Parlamento em outubro apesar da oposição do 5-Estrelas, permite que os partidos formem alianças antes da eleição para maximizar seu total de votos, ainda que não tenham um programa ou líder em comum.
Os institutos de pesquisa dizem que, para obter uma maioria mínima no Parlamento, o bloco de centro-direita de quatro partidos de Berlusconi, que domina no norte, precisa derrotar o 5-Estrelas em dezenas de regiões marginais do sul, das quais Pomigliano, próximo de Nápoles, é um grande exemplo.
Conhecida pela fábrica da Fiat e por um escândalo envolvendo resíduos tóxicos enterrados pela máfia local nos campos ao seu redor, Pomigliano é um labirinto de ruas banais com calçadas estreitas e sem espaços verdes.
Ela também é a cidade-natal do líder do 5-Estrelas, Luigi Di Maio, que enfrentará ali um desafio duro diante do rival de centro-direita Vittorio Sgarbi, crítico de arte célebre conhecido por suas tiradas desbocadas em talk shows na televisão.
Sgarbi classificou Di Maio, de 31 anos, como um bode ignorante e uma barata, entre outras coisas ainda menos lisonjeiras.
Apesar de ter sofrido divisões internas, mudanças de 180 graus em algumas políticas e investigações legais nas poucas cidades que administra, o apoio ao 5-Estrelas vem se mantendo e continua a crescer.