BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Michel Temer afirmou que não há “plano B” para o governo e nada “destruirá” ele ou seus ministros, em um recado no final de seu discurso em cerimônia no Palácio do Planalto nesta segunda-feira.
“Ninguém duvide, nossa agenda de modernização do Brasil é a mais ambiciosa de muito tempos. Tem sido implementada com disciplina, com sentido de missão", disse o presidente.
"Não há plano B, há de seguir adiante. Nada nos destruirá, nem a mim, nem aos nossos ministros”, acrescentou.
Temer está sendo investigado por corrupção passiva, participação em organização criminosa e obstrução da Justiça, a partir de informações levantadas na delação premiada de executivos da JBS (SA:JBSS3).
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deve entregar até terça-feira ao Supremo Tribunal Federal a primeira denúncia contra o presidente --fontes disseram à Reuters que os crimes devem se apresentados em mais de uma denúncia. Aliados em um primeiro momento de Temer, alguns partidos da base já falam em uma saída antecipada do governo.
Em seu discurso, ao sancionar a lei que permite a cobrança de preços diferentes para pagamento com cartão de crédito, dinheiro ou cheque, Temer fez um balanço de medidas econômicas tomadas desde que assumiu, como o teto de gastos, e afirmou que seu governo “está tendo resultados”.
"Esse governo sabe que é de transição. Chegou aqui para fazer o que muitas vezes as questões eleitorais impedem. Por isso estamos tomando medidas de racionalidade econômica", defendeu.
Entre elas, disse, a reforma trabalhista, que foi aprovada pela Câmara e agora está na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, e a da Previdência.
"A Reforma da previdência deu uma parada, mas vai ser retomada", garantiu.
Na semana passada, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, chamou ao Planalto os líderes do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) e no Congresso, André Moura (PSC-SE) para refazer o mapa de intenções de voto e verificar os estragos causados pelas denúncias contra Temer.
De acordo com informações levantadas pela Reuters com parlamentares que acompanham as negociações, o governo teria hoje cerca de 230 votos pela reforma, longe dos 308 necessários. Teria perdido pelo menos 30 desde o início da mais recente crise política.
Temer voltou a dizer que seu governo está colocando o país "nos trilhos" e defendeu as medidas adotadas até agora.
"Há pouco mais de um ano isso parecia uma miragem, estávamos em uma crise seriíssima, e agora estamos no trilhos, no caminho da responsabilidade, na rota da superação", disse, antes de garantir que nada destruirá seu governo.
No fim de semana, pesquisa Datafolha mostrou que o governo Temer é avaliado como ótimo ou bom por apenas 7 por cento do eleitorado, pior nível desde os 5 por cento do governo Sarney em 1989. O levantamento mostrou que 76 por cento são favoráveis à renúncia do presidente e 81 por cento apoiariam seu impeachment.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu e Marcela Ayres)