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Temer fala em áudio como se Câmara tivesse aprovado impeachment e reitera teses econômicas

Publicado 11.04.2016, 18:54
Atualizado 11.04.2016, 19:00
© Reuters. Vice-presidente Michel Temer durante entrevista coletiva em Brasília

BRASÍLIA (Reuters) - O vice-presidente Michel Temer enviou nesta segunda-feira a um grupo de parlamentares um áudio no qual fala como se o impeachment tivesse sido aprovado pelo plenário da Câmara dos Deputados e reitera teses que tem defendido sobre a economia e a necessidade de pacificação país.

Após o vazamento, Temer deu uma entrevista coletiva para explicar porque estava gravando um áudio simulando uma situação que depende ainda de votação, dizendo que fez isso quando perguntado por companheiros se estava preparado para a eventualidade.

"Fiz uma gravação em que ressaltei pontos que tenho defendido ao longo do tempo: a pacificação absoluta do país, a unidade do país, o chamamento de todos os partidos para um governo, digamos assim, de salvação nacional", disse Temer a jornalistas.

"A ideia de que nós devemos prestigiar os setores produtivos --ou seja, trabalhadores e empregadores--, a ideia de que nós devemos manter os programas sociais e até aprimorá-los ao longo do tempo, e fui dizendo exatamente isso na gravação", acrescentou.

Perguntado no final da entrevista se o vazamento do áudio poderia influir na votação do impeachment no plenário da Câmara, Temer simplesmente acenou negativamente.

Em nota na página do Facebook da Secretaria de Governo, o ministro Ricardo Berzoini se disse "estupefato" e afirmou que o áudio "demonstra as características golpistas do vice".

No Palácio do Planalto, o áudio foi comparado à foto que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tirou sentado na cadeira de prefeito de São Paulo às vésperas da eleição municipal de 1985, quando acabou sendo derrotado por Jânio Quadros.

No áudio, Temer defendeu a necessidade de diálogo e que será preciso sacrifícios para a retomada do crescimento, mas garantiu que não vai acabar com programas sociais, como o Bolsa Família. O vice defendeu reformas estruturais e a discussão de matérias já encaminhadas no Congresso.

Para ele, é preciso "prestigiar a iniciativa privada" e também levar adiante a renegociação das entidades federativas.

O deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), membro da comissão do impeachment, elogiou a fala do vice-presidente.

"Ele está mostrando que tem responsabilidade e que, caso venha a acontecer o impeachment, o país vai ser governado por alguém que é moderado e que com certeza vai se preocupar mais em unificar o país", disse o deputado.

Temer inicia o áudio dizendo que deseja "neste momento me dirigir ao povo brasileiro para dizer algumas das matérias que, penso, devam ser por mim agora enfrentadas", segundo áudio publicado no site do jornal Folha de S.Paulo.

"Agora, quando a Câmara dos Deputados decide por uma votação significativa declarar a autorização para a instauração do processo de impedimento contra a senhora presidente, muitos me procuraram para que eu desse pelo menos uma palavra preliminar à nação brasileira", continua o vice-presidente.

Na entrevista após o áudio vir a público, Temer, que é presidente licenciado do PMDB, disse que o envio da mensagem foi um acidente e que o áudio era apenas um exercício de fala gravado no celular como ensaio para provável pronunciamento se vier a ser aprovado o impeachment na Câmara.

Nesta segunda-feira a comissão especial do impeachment votará o relatório do deputado Jovair Arantes (PTB-GO), favorável ao impedimento da presidente. A votação no plenário da Câmara está prevista para o próximo domingo.

No caso de a Câmara autorizar a instauração do processo de impeachment e os senadores confirmarem essa decisão, a presidente será afastada durante o processo no Senado, sendo substituída interinamente por Temer. O PMDB era o maior partido da coalizão governista até romper com a administração Dilma no fim do mês passado, embora seis ministros filiados ao partido permaneçam nos cargos.

© Reuters. Vice-presidente Michel Temer durante entrevista coletiva em Brasília

Se o Senado condenar Dilma, Temer assume a Presidência definitivamente.

(Reportagem de Lisandra Paraguassu, Leonardo Goy e Anthony Boadle)

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