BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Michel Temer fez nesta quinta-feira um chamamento à responsabilidade e um apelo para que nada impeça a recuperação econômica do país, no momento em que enfrenta uma denúncia de corrupção apresentada pela Procuradoria-Geral da República.
“Hoje nós vivemos tempos que exigem, mais do que nunca, responsabilidade. A falta de responsabilidade, ela destrói empresas, corrói instituições”, disse Temer em cerimônia no Palácio do Planalto para marcar o 1 ano da Lei de Responsabilidade das Estatais.
"Continuaremos no caminho seguro da responsabilidade, vejam quantas vezes repeti a palavra responsabilidade na ideia... fundamentadora, estruturante do nosso Estado brasileiro, que é um Estado em que todos respondem pelos seus atos, seja onde estiverem: na atividade pública, na atividade privada, no Executivo, Legislativo, no Judiciário", acrescentou.
O presidente, cujo governo trabalha para garantir que a Câmara dos Deputados não autorize que a denúncia apresentada pela PGR seja examinada pelo Supremo Tribunal Federal, voltou a comemorar os baixos níveis da inflação, assim como os primeiros sinais de retomada do emprego.
“O Brasil não tem tempo a perder. Portanto, não tendo tempo a perder, acontece o que está acontecendo nesse momento. São empregos que estão voltando, é a inflação que está caindo ao nível inferior ao centro da meta", disse Temer.
"Os juros estão caindo sensivelmente e o Brasil está prosperando, o Brasil está respirando. Nós não podemos deixar que nada impeça esta respiração extraordinária que o país está tendo”, acrescentou.
Temer aproveitou também para dizer que, com a lei das estatais, frustrou interesses de "gente poderosa" que se aproveitava indevidamente das empresas públicas.
O comentário pode ser visto como uma alusão a empresas envolvidas na operação Lava Jato, incluindo a J&F, controladora da JBS (SA:JBSS3), cuja delação de executivos serviu de base para a denúncia contra o peemedebista.
“Era preciso protegê-las (as estatais) de um certo assédio ilegítimo de quem quer que fosse", disse.
"Ao fazê-lo, nós frustramos interesses de gente poderosa. Eu pude verificar logo em seguida essa frustração de gente que se servia da atividade de empresas públicas para objetos não lícitos".
(Reportagem de Ricardo Brito e Marcela Ayres)