Por Lisandra Paraguassu e Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Michel Temer não respondeu às 82 perguntas entregues à sua defesa dentro do inquérito que o investiga por corrupção passiva, participação em organização criminosa e obstrução da Justiça e, através da sua defesa, pediu o arquivamento do inquérito.
Em petição entregue nesta sexta-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF), a defesa do presidente alega que ele não irá responder às perguntas feitas pela Polícia Federal, porque, entre outros problemas, estas vão além dos fatos investigados, pedem "apreciações pessoais" do presidente sobre casos que ele diz desconhecer e, em alguns casos são "invasivas", versando sobre a "vida pessoal" de Temer.
"O questionário demonstra que os trabalhos investigativos, diante da ausência de elementos incriminadores, perderam-se no
caminho", diz a petição.
Em relação às perguntas sobre o áudio da gravação entre Temer e o empresário da JBS (SA:JBSS3) Joesley Batista, a defesa do presidente afirma que não poderão ser respondidas porque a perícia pedida pela defesa não foi feita.
"As questões referentes à gravação não poderão ser respondidas, pois, uma vez contestada a sua ilegitimidade sob o duplo aspecto, material e formal, a não conclusão da perícia determinada por Vossa Excelência e aceita pelo Ministério Público, tornou-se condição sem a qual a gravação por hora é um nada jurídico", diz o texto.
Os advogados alegam ainda que Temer não poderá responder "indagações relativas aos depoimentos de empresários confessadamente delinquentes", referindo aos irmãos Joesley e Wesley Batista.
As perguntas foram enviadas ao presidente na terça-feira e deveriam ser respondidas em 24 horas. A defesa pediu mais tempo e o ministro do STF Edson Fachin deu prazo até as 17h desta sexta.