(Reuters) - O presidente interino Michel Temer voltou a negar que tenha pedido qualquer verba para o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado na campanha eleitoral de 2012, e aproveitou para defender uma reforma política, em entrevista à GloboNews.
"Você acha que eu iria me servir dele tendo, com toda a modéstia, o prestígio que tenho hoje no cenário nacional para falar com empresário?", disse Temer na entrevista exibida na noite de terça-feira. "Vou dizer a você, os empresários falam e falavam comigo permanentemente".
O ex-senador Machado acusou Temer de tê-lo procurado em busca de doações para a campanha de Gabriel Chalita (do PMDB, o partido de Temer) à Prefeitura de São Paulo. Machado teria conseguido 1,5 milhão de reais em doação de uma empreiteira, feita oficialmente. O delator, no entanto, afirma que quem recebia os recursos sabia que eles tinham origem ilícita.
O presidente interino já havia rebatido as declarações de Machado, que constam de sua delação premiada no âmbito da operação Lava Jato, por meio de nota e em um pronunciamento.[nL1N1982IH]
Na entrevista à GloboNews, Temer disse que não vai processar Machado porque esse seria justamente o desejo do ex-senador, para polemizar com o presidente. "Eu não vou dar esse valor a ele, eu não falo para baixo", disse.
Ao comentar a possibilidade de comparecer na abertura dos Jogos Olímpicos do Rio como presidente interino, Temer disse que seria melhor se o processo de impeachment contra a presidente afastada Dilma Rousseff pudesse ser resolvido antes disso.
Apesar de afirmar várias vezes que tem atuado como um presidente definitivo, pelos interesses do país, Temer disse que só irá pleitear a reforma da Previdência depois que terminar o período de interinidade.
"Depois da decisão do Senado, abra-se um campo muito mais vasto para a governabilidade. Então, certas questões que neste momento ainda não deu tempo de tratar, eu tratarei depois", disse. "A questão da reforma da Previdência. Eu acho que só poderei pleitear uma reforma da Previdência se tiver a efetivação."
E prometeu incentivar "muitíssimo" uma reforma política, ao comentar os efeitos que a operação Lava Jato tem tido sobre o sistema político.
"Eu não vou exatamente fazer (a reforma política) porque isso é uma atividade legislativa, mas vou incentivar, vou incentivar muitíssimo."
(Por Alexandre Caverni, em São Paulo)