Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - A votação do projeto que altera os resultados fiscais para 2017 e 2018 só deve ocorrer em sessão conjunta do Congresso Nacional na quarta-feira, avaliaram três fontes.
Até lá, o trabalho de articulação do governo terá como foco garantir a votação de vetos que obstruem a pauta do Congresso e votar o projeto que altera as metas na Comissão Mista de Orçamento (CMO).
Em sua conta no Twitter, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), afirmou que a “expectativa é que a CMO vote ainda hoje o projeto que altera a meta fiscal”.
No momento, ainda falta a análise de vetos presidenciais que trancam a pauta.
Chegou-se a aventar a possibilidade de interromper a sessão do Congresso para retomar a CMO, que havia iniciado sua reunião no início da tarde e interrompeu seus trabalhos.
Considerou-se no entanto, mais produtivo para o governo seguir o embalo das votações do Congresso, diante da avaliação que uma interrupção poderia esvaziar o quórum, dificultando uma retomada da sessão posteriormente para limpeza da pauta.
Diante desse cenário, a depender do horário em que o plenário Congresso encerrar suas atividades, a CMO pode retomar a reunião ainda nesta terça-feira, ou somente na quarta-feira.
Ao governo interessa que as coisas estejam encaminhadas --pauta desimpedida e projeto encaminhado na CMO-- para que a votação das novas metas ocorra na quarta-feira.
Durante as negociações ao longo da terça-feira também foi ventilada a hipótese de levar o projeto diretamente ao plenário, sem passar pela CMO. Mas a possibilidade foi rejeitada, por ora, sob o risco de se criar um mal-estar com a comissão.
O projeto que altera as metas prevê que o governo central (Tesouro, Banco Central e Previdência) pode fazer déficit primário de até 159 bilhões de reais neste e no próximo ano. Antes, os objetivos eram de 139 bilhões e 129 bilhões de reais, respectivamente.
Para facilitar o andamento da proposta na comissão, o governo já enviou minuta de um projeto para rever os vetos à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2018, em um movimento para apaziguar os ânimos na comissão.
Integrantes do colegiado demonstraram desagrado com a forma como o Executivo decidiu sobre os vetos à LDO, encarada até mesmo por aliados como uma atitude unilateral e arrogante. Deputados da comissão chegaram a formar um grupo que cobrou explicações da equipe econômica.
A alteração nas metas foi anunciada há duas semanas pela equipe econômica diante da deterioração das contas públicas, em meio ao cenário de fraca atividade econômica e maiores gastos públicos, sobretudo com a Previdência.