Por Maria Carolina Marcello, Lisandra Paraguassu e Leonardo Goy
BRASÍLIA, 17 Abr (Reuters) - A Câmara dos Deputados caminhava neste domingo para aprovar em votação no plenário o pedido de abertura de processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.
Após 280 votos, havia 214 favoráveis ao impedimento, 63 contrários e três abstenções. O Datafolha projetava, com base nesses números, que o pedido de abertura de impeachment contra Dilma seria aprovado, atingindo pelo menos os 342 votos necessários para isso, ou dois terços dos 513 deputados.
Se aprovado pela Câmara, o pedido irá ao Senado, que poderá rejeitar e arquivar o caso ou autorizar a instalação do processo, cenário que implicaria no afastamento de Dilma do cargo por até 180 dias, período em que o vice-presidente Michel Temer (PMDB) assumiria a Presidência da República interinamente.
A votação deste domingo acontecia em meio à grave crise econômica e política, aumento do desemprego, inflação elevada e desequilíbrio das contas públicas.
Ao longo da semana passada, partidos com número expressivo de deputados manifestaram apoio ao impeachment, entre eles PP e PSD. Mesmo dentro do Palácio do Planalto os ânimos foram esfriando à medida que a votação no plenário se aproximava.
Durante a votação, o Planalto perdeu votos que tinha como certos contra o impedimento de Dilma, inclusive do PDT, legenda que fechou questão para ficar do lado do governo.
Entre os votos comemorados pela oposição estão os dos deputados Nelson Meurer (PP-PR), considerado muito próximo ao governo, e do ex-ministro dos Transportes dos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma, Alfredo Nascimento (PR).
As deputadas peemedebistas Magda Moffato (GO) e Jéssica Sales (AC) entravam na conta do governo como indecisas e votaram a favor do impeachment, em exemplos do efeito manada que o Planalto temia na votação.
Dilma é acusada de ter editado decretos de suplementação orçamentária sem autorização do Congresso e de ter seguido em 2015 com a prática das chamadas pedaladas fiscais --atraso nos repasses do Tesouro Nacional para bancos públicos para o pagamento de programas do governo.
A presidente nega ter cometido crime de responsabilidade e tem afirmado que a tentativa de tirá-la do poder representa um golpe.