BRASÍLIA (Reuters) - O presidente em exercício da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão (PP-MA), bateu o pé e confirmou nesta sexta-feira que a eleição do novo presidente da Casa ocorrerá na próxima quinta-feira, e não na terça, como queriam líderes partidários.
Maranhão já havia definido a data da eleição na última quinta-feira, após a renúncia de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), mas a maioria dos líderes partidários, em reunião no fim da tarde da última quinta, acertaram que a disputa pelo comando da Câmara ocorreria na próxima terça.
Diante da insistência de Maranhão de fazer a eleição na quinta, líderes encaminharam um ofício à Secretaria-Geral da Câmara, pedindo uma reunião da Mesa na próxima segunda-feira para dar validade à decisão tomada na véspera de eleger um novo presidente na terça-feira.
“Solicitamos à Mesa Diretora que se reúna na próxima segunda-feira, 11 de julho de 2016, a fim de ratificar e dar efetividade à decisão do Colégio de Líderes”, diz o ofício, argumentando que a decisão foi tomada por líderes que representam 280 deputados, número superior à maioria absoluta dos parlamentares da Casa.
A decisão dos líderes de marcar a eleição para a terça-feira foi encarada pela oposição e até mesmo por alguns integrantes da base do governo interino de Michel Temer como uma manobra para ajudar Cunha, já que também está prevista para a terça-feira uma sessão na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa para a análise de um recurso do deputado contra processo de cassação de que é alvo.
Uma eleição para a presidência da Câmara no mesmo dia e horário forçaria a comissão a interromper seus trabalhos, atrasando ainda mais a análise do recurso de Cunha. Poderia inclusive delongar o caso de tal forma que a cassação do deputado só chegasse ao plenário da Câmara na gestão do novo presidente. Muitos dos pré-candidatos ao posto, aliás, são aliados de Cunha.
Os deputados Fausto Pinato (PP-SP), Carlos Henrique Gaguim (PTN-TO) e Carlos Manato (SD-ES) foram os primeiros a registrar candidaturas, que podem ser apresentadas até o meio-dia da data da eleição.
Além de confirmar a eleição para quinta, Maranhão também exonerou o secretário-geral da Mesa Diretora Câmara, Silvio Avelino, que havia participado da reunião de líderes na tarde da quinta-feira. Segundo assessoria da presidência, essa é uma prerrogativa de Maranhão.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)