Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff começa na quinta-feira uma série de viagens para marcar com sua presença alguns dos principais programas e obras de seu governo, nos últimos dias antes de seu iminente afastamento pelo Senado, com a aprovação dada como certa da admissibilidade do processo de impeachment.
Com a certeza cada vez maior de que não conseguiria barrar a abertura do processo, Dilma decidiu nas últimas semanas apresentar tudo o que fosse possível para evitar deixar projetos e programas prontos para seu vice-presidente, Michel Temer, lançar, no caso de ele assumir a Presidência.
Na semana passada, anunciou a renovação do programa Mais Médicos, inclusive com uma reedição do convênio com o governo cubano, por mais três anos.
No domingo, durante seu discurso na comemoração do Primeiro de Maio, em São Paulo, Dilma anunciou o reajuste da tabela do Imposto de Renda em 5 por cento e dos benefícios do programa Bolsa Família em 9 por cento, em média.
Também revelou que o governo assinaria os contratos para a construção de 25 mil moradias dentro do programa Minha Casa, Minha Vida Entidades --modalidade em que entidades de luta pela moradia coordenam a construção e a distribuição das unidades.
A assinatura dos contratos será feita, de fato, na próxima sexta-feira, em uma cerimônia com os movimentos sociais, no Palácio do Planalto. Será, possivelmente, o último ato de apoio que a presidente fará em Brasília, antes de deixar cargo.
Na quinta-feira, Dilma visitará, pela manhã, as usina de Belo Monte, cujas obras começaram em 2011 e pelas quais a presidente brigou pessoalmente quando foi ministra de Minas e Energia e, depois, da Casa Civil no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. A visita de Dilma vai comemorar a geração de eletricidade pela usina, que iniciou a operação de sua primeira turbina no dia 20 de abril.
À tarde, a presidente faz a entrega de mais casas do programa Minha Casa, Minha Vida.
Na sexta-feira, depois da cerimônia do Minha Casa, Minha Vida Entidades, a presidente irá para Cabrobó (CE) para visitar obras da transposição do São Francisco, outra obra que marcou as gestões de Lula e de Dilma --os dois presidentes visitaram várias fases da transposição.
No sábado, Dilma irá a Palmas inaugurar novas instalações da Empresa Brasileira de Agropecuária (Embrapa) e na segunda, à Goiânia, para outra inauguração da ampliação do aeroporto da cidade.
A votação da admissibilidade do processo de impeachment está marcada para a quarta-feira da semana que vem, dia 11. Dilma deve ser comunicada no dia seguinte, quando deve deixar o Palácio do Planalto.
De acordo com uma fonte, com a insistência de auxiliares, a presidente deve deixar o Planalto pela rampa principal, cercada de seus ministros mais fiéis e outros apoiadores. Entre eles, Lula. Ontem, em discurso para grupos de movimentos sociais, o ex-ministro de Dilma Gilberto Carvalho afirmou que descerá a rampa com ela “daqui a uma semana”.