O presidente da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do 8 de Janeiro, deputado Arthur Maia (União Brasil-BA), disse a jornalistas nesta 5ª feira (14.set.2023) que considera o acampamento feito por bolsonaristas radicais em frente ao QG (Quartel General) do Exército, em Brasília, depois do resultado das eleições um “absurdo”.
Maia afirmou que, durante a comissão, tem defendido o Exército brasileiro por acreditar que a força garantiu que não houvesse problemas durante a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como presidente. Mas, no entanto, afirmou que achava “óbvio” que permitir que os manifestantes se instalassem no acampamento foi um “erro”.
“Foi um absurdo se admitir aqueles acampamentos”, declarou o deputado. Segundo o congressista, os acampamentos foram um “despautério”.
Maia afirmou esperar que o episódio não se repita novamente. Disse ainda que os acampamentos faziam “apologia ao fim da democracia no país”.
A declaração do congressista foi dada durante o final do intervalo da CPMI. Nesta 5ª feira (14.set), a comissão recebeu o general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, ex-comandante do Comando Militar do Planalto. O general foi responsável por permitir a continuidade dos acampamentos em frente aos quartéis do Exército. A sua demissão foi oficializada pelo presidente Lula em 12 de abril.
ACAMPAMENTO NO QG DO EXÉRCITO
Desde que Lula venceu a disputa contra o então presidente, Jair Bolsonaro (PL), os seus apoiadores se juntaram em frente aos quartéis de todo o Brasil, inclusive, em Brasília. Eles discordavam do resultado das eleições e pediam “intervenção federal”.
Nas instalações, havia shows de música gospel, alimentação, banheiros químicos e locais destinados à oração. Na área de alojamentos, improvisada perto da praça dos Cristais, muitas barracas estão distribuídas.
Mesmo com a posse de Lula, os manifestantes seguiam acampados em frente ao Quartel General do Exército. Em 1º de janeiro, em um palco montado no acampamento, um homem discursava. Disse que não havia tido ordem para que os manifestantes se retirassem da área militar. “A gente só sai daqui quando o Exército mandar”, declarou.
Na data, os militares chegaram a ser aplaudidos. Em vários pontos do acampamento era possível ver faixas com pedidos de socorro às Forças Armadas.
Em 7 de janeiro, um dia antes da invasão da Praça dos Três Poderes, bolsonaristas continuavam entrando sem restrição na área do Quartel-General. O Poder360 registrou na data dezenas de pessoas desembarcando de 5 ônibus interestaduais perfilados no Eixo Monumental, perto de um dos acessos ao QG, com barracas e grande quantidade de mantimentos.
Em um dos acessos, aos gritos de “agora é tudo ou nada”, integrantes do movimento que pede intervenção militar incentivavam a entrada de carros particulares para engrossar o acampamento montado no local.