O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), rebateu nesta 5ª feira (14.set.2023) declarações do advogado do 2º réu julgado por envolvimento com os atos do 8 de Janeiro.
A Corte iniciou na tarde desta 5ª a análise da 2ª ação penal sobre a invasão aos Três Poderes. O réu é Thiago Mathar, de 43 anos, que foi preso em flagrante dentro do Palácio do Planalto no 8 de Janeiro.
Durante as sustentações orais da defesa, o advogado Hery Kattwinkel Júnior afirmou que Moraes, relator da ação, inverteu o papel de julgador para o de acusador e indicou que o ministro estaria com “ódio” do réu.
“É impressionante, eu vejo que o ministro Alexandre de Moraes inverte o papel de julgador aqui nesta Suprema Corte. Ele passa de julgador a acusador. É um misto de raiva com rancor, com pitadas de ódio quando se fala dos patriotas”, declarou.
O advogado também comparou a situação do réu, que está preso desde 8 de janeiro, com o holocausto. Segundo ele, o julgamento tem motivações políticas e as acusações não evidenciam que todos os réus tinham objetivo de depredar os prédios públicos.
“Estamos diante de um rapaz do interior de São Paulo que pegou um ônibus porque queria um país melhor, ele não queria vir para fazer bandalheira. Aliás, quem saindo de casa imaginou o que poderia acontecer em 8 de janeiro? Não se poderia imaginar a que rumo tomaria a situação do 8 de Janeiro. Existem bandidos que depredaram os prédios públicos, mas não podem ser todos enquadrados no mesmo balaio”, declarou.
Em resposta, Moraes disse que a postura do advogado foi “patética” e “medíocre” e nada ajudou na defesa de Thiago. O magistrado também afirmou que Kattwinkel fez um discurso “para publicar nas redes sociais” e que usaria isso para se candidatar para uma eleição.
“É patético e medíocre que um advogado suba a tribuna do Supremo Tribunal Federal com um discurso de ódio, um discurso para postar depois nas redes sociais, que agrediu o STF, talvez pretendendo ser vereador do seu município no ano que vem. Digo com tristeza que o réu aguarda que seu advogado venha defender tecnicamente”, declarou Moraes.
“O advogado ignorou a defesa, ele não analisou absolutamente nada. O advogado preparou um discurso para postar em redes sociais. Isso é muito triste. Os alunos do curso de direito da Universidade de Rio Verde [que assistiam à sessão na Corte] tiveram uma aula do que não deve ser feito na tribuna da Suprema Corte”, completou o ministro.