O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu nesta 3ª feira (19.mar.2024) a ministra da Saúde, Nísia Trindade, e todos os secretários e representantes do órgão. No encontro, realizado no Palácio da Alvorada, o petista repetiu cobranças da reunião ministerial e ficou encaminhado os novos nomes para a Secretaria de Atenção Especializada à Saúde e para o DGH (Departamento de Gestão Hospitalar) –que devem sair em 30 dias. As demissões se deram depois da repercussão da crise nos hospitais federais do Rio de Janeiro.
Segundo apurou o Poder360, Lula demandou atenção a divulgação das ações do ministério, além de cobrar que a ministra viaje pelo Brasil. Cobranças que já haviam sido feitas na reunião ministerial de 2ª feira (18.mar).
Entretanto, segundo apurou este jornal digital, a equipe do Ministério da Saúde não encarou a conversa como uma cobrança de Lula. Durante o encontro, o presidente elogiou a ministra da Saúde, mas voltou a afirmar que é preciso comunicar mais.
DEMISSÕES NA SAÚDE
Além de Helvécio Magalhães, da Secretaria de Atenção Especializada à Saúde, Nísia também demitiu o diretor do DGH (Departamento de Gestão Hospitalar), Alexandre Telles.
A gestão dos hospitais federais estava a cargo de Telles desde fevereiro de 2023, quando foi nomeado por Lula. À época, a decisão foi ironizada pelo prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD).
Paes, que é aliado do petista, criticou a qualificação técnica de Telles, que, antes, era presidente do Sindicato dos Médicos do Rio.
Segundo a Saúde, a demissão, anunciada na 2ª feira (18.mar), resultou da “necessidade de transformação na gestão do DGH”. Telles foi substituído por Maria Aparecida Braga. Ela é superintendente do ministério no Rio de Janeiro e acumulará as 2 funções.
Maria Aparecida pode continuar em uma das funções, mas outro nome será indicado. A Saúde estuda ainda a possibilidade de se declarar estado de calamidade no Rio de Janeiro para agilizar a burocracia necessária para que o governo faça mudanças nos hospitais federais do Estado.
CRISE NOS HOSPITAIS FEDERAIS DO RJ
O órgão comandado por Nísia Trindade tem sido alvo de críticas pela situação nas 6 unidades hospitalares no Rio de Janeiro sob responsabilidade federal. Em 2023, o ministério indicou, que quase 20% da capacidade total das unidades estava fechada. No documento, a Saúde afirma que houve a identificação de “nós críticos” na assistência dos hospitais.
As visitas, realizadas em fevereiro e março do ano passado, constataram os seguintes problemas:
- setores/enfermarias fechadas;
- leitos fechados/impedidos;
- salas cirúrgicas fechadas;
- iminência de interrupção da assistência;
- falta de recursos humanos e gestão de pessoas;
- problemas na área assistencial;
- insuficiência de recursos humanos, insumos e condições estruturais nos serviços de oncologia;
- falhas identificadas na regulação de pacientes oriundos dos SISREG (Sistemas de Regulação) e (SER) Sistema Estadual de Regulação;
- problemas na infraestrutura das farmácias;
- problema de gestão na área administrativa;
- problemas de gestão na engenharia clínica e obsolescência de equipamentos médico-hospitalares;
- insuficiência de protocolos e dificuldades na gestão de materiais;
- falta de recursos humanos e estrutura precária na área de tecnologia da informação;
- insuficiência de ações e sinalização para prevenção e combate a incêndio;
- infraestrutura deficiente;
- insuficiência de equipamentos, insumos e salas de cirurgias fechadas, o que impacta no andamento das filas cirúrgicas.
Eis a íntegra do relatório (PDF – 11MB).
De acordo com reportagem do “Fantástico”, da TV Globo, exibida no domingo (17.mar.2024), 18.000 pacientes aguardam atendimento nos hospitais. O orçamento destinado às unidades, neste ano, foi de cerca de R$ 862 milhões.