A greve geral convocada para esta 4ª feira (24.jan.2024) pela CGT (Confederação Geral do Trabalho), uma das maiores centrais sindicais da Argentina, fez com que a Aerolíneas Argentinas cancelasse 295 voos e reprogramasse outros 26. A medida, segundo o Clarín, afetará 20.000 passageiros. O jornal argentino estimou que a estatal terá prejuízo de cerca de US$ 2,5 milhões (R$ 12,3 milhões na cotação atual) com as remarcações e cancelamentos.
A princípio, o número de voos cancelados era menor. Mas, no começo desta 4ª feira (24.jan), a Asociación del Personal Aeronáutico, sindicato que representa os profissionais que atuam no solo (auxiliando no embarque/desembarque e em balcões de aeroportos, por exemplo) informou que ampliaria sua adesão à greve.
Os manifestantes são contra o pacote reforma proposto pelo governo do presidente Javier Milei, que está sendo discutido pelos congressistas. Será realizado um ato em frente ao Congresso, no centro de Buenos Aires, e estão programadas marchas em todo o país. A greve de 12h (do meio-dia à meia-noite) afetará o funcionamento de diversos serviços, como o de transportes, bancos e correios.
O pacote de reformas é chamado de “Lei de Bases e Pontos de Partida para a Liberdade dos Argentinos”, mas é conhecido como “Lei Ônibus”. O texto declara “emergência pública em questões econômicas, financeiras, fiscais, previdenciárias, de segurança, de defesa, tarifárias, energéticas, de saúde, administrativas e sociais até 31 de dezembro de 2025”, com possibilidade de prorrogação por mais 2 anos.
O documento também estabelece um artigo que ratifica o DNU (Decreto de Necessidade e Urgência), superpacote de desregulamentação da economia anunciado em 20 de dezembro. O anúncio resultou em protestos no país.
“SEM SENTIDO”, DIZ GOVERNO
O porta-voz da Casa Rosada, Manuel Adorni, disse que a paralisação é “sem sentido”. Segundo ele, o sindicato estava “dormindo” durante os anos do governo, de Alberto Fernández, anterior e “acordou” assim que Milei tomou posse, em dezembro. A última greve geral convocada pelo sindicato foi em 29 de maio de 2019, no final do governo de Mauricio Macri e antes das eleições nas quais o então presidente concorreu com Fernández e perdeu.
“Não compreendemos muito bem o que querem mudar quando tudo está dentro da lei”, disse a jornalistas na Casa Rosada. Segundo ele, a CGT “está do lado errado da história” e atua “contra” os trabalhadores.
“Se há alguém que perdeu nas últimas décadas foram os trabalhadores”, afirmou. “Deixem triunfar a liberdade. Quem quiser ir trabalhar, que o faça. E quem quiser parar, que o faça, sem complicar a vida dos restantes e sem esperar que os outros se adaptem a algo que a maioria não concorda”, completou.
A ministra da Segurança, Patricia Bullrich chamou os sindicalistas de “mafiosos”. Em publicação feita nesta 4ª feira no X, e repostada por Milei, ela escreveu: “Sindicalistas mafiosos, gestores da pobreza, juízes cúmplices e políticos corruptos, todos defendendo os seus privilégios, resistindo à mudança que a sociedade decidiu democraticamente e que o presidente Milei lidera com determinação. Não há greve que nos pare, não há ameaça que nos intimide”.