Por Ricardo Brito e Fabio Teixeira
BRASÍLIA/RIO DE JANEIRO (Reuters) - Uma operação deflagrada pela Polícia Federal em conjunto com demais órgãos do governo e o Ministério Público do Trabalho desarticulou um dos garimpos ilegais mais lucrativos do país em Maués, no sul do Amazonas, e encontrou dezenas de trabalhadores submetidos a condições análogas à escravidão, informou a PF nesta terça-feira.
O garimpo em questão é feito na modalidade poço, onde os trabalhadores operam de forma subterrânea, desprovidos de qualquer equipamento de proteção individual, segundo comunicado da Polícia Federal.
Cerca de 40 trabalhadores foram encontrados pela Auditoria Fiscal do Trabalho em condições análogas à escravidão no garimpo, por conta das condições degradantes de trabalho, de acordo com o auditor fiscal Magno Riga.
"A condição degradante é bem clara, assim bem óbvia, como em quase todo garimpo," disse Magno à Reuters, citando que os trabalhadores dormiam em barracos de lona, não tinham acesso à água potável e nem a banheiros.
Há indícios de que os trabalhadores estariam também submetidos à escravidão por dívida, disse o auditor.
Aproximadamente outros 30 trabalhadores também estavam no local, mas fugiram para a floresta quando as autoridades chegaram ao local, disse Magno.
De acordo com o auditor, a busca por trabalhadores no local continua. No entanto, há uma preocupação sobre como fazer a remoção deles do local, uma área isolada da Floresta Nacional de Urupadi.
"O helicóptero da PF que nos trouxe até aqui não tem autonomia para tirar as pessoas daqui. A gente está buscando meio para retirá-los, possivelmente pela Aeronáutica", disse Magno.
Essa não é a primeira vez que as autoridades realizam uma operação contra o garimpo ilegal na localidade, segundo uma fonte da PF que participa diretamente da ação. Maués é um município de cerca de 65 mil habitantes e fica a cerca de 290 quilômetros de distância da capital Manaus.
"De acordo com as investigações, tratava-se de um dos garimpos mais lucrativos de toda a América Latina, com uma produção diária superior a 6kg de ouro", disse a PF no comunicado.
A operação, chamada Mineração Obscura, começou no dia 26 de abril e vai até sexta-feira, e envolve, além da PF, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e o Ministério Público do Trabalho (MPT).