Por Lisandra Paraguassu e Anthony Boadle
BRASÍLIA (Reuters) - Em mais uma tentativa de questionar as urnas eletrônicas, o presidente Jair Bolsonaro reúne nesta segunda-feira, no Palácio da Alvorada, cerca de 40 embaixadores de diversos países para apresentar informações sobre supostas irregularidades nas eleições de 2014 e 2018.
Inicialmente, o próprio presidente afirmou que cerca de 50 embaixadores seriam convidados. No domingo, em entrevista no Palácio da Alvorada, afirmou que cerca de 40 confirmaram presença. Brasília tem 127 representações diplomáticas.
Entre os presentes estará o encarregado de negócios da embaixada dos Estados Unidos, Douglas Koneff --o país está sem embaixador desde junho de 2021, quando o titular, Todd Chappman, anunciou sua aposentadoria-- e também a encarregada da representação da União Europeia, Beatriz Martins, já que o embaixador está de férias. Também confirmou presença o embaixador de Portugal, Luís Faro Ramos.
Outros, no entanto, como a embaixada da Argentina --um dos principais parceiros comerciais do Brasil-- disse não ter sido convidada para o encontro. Bolsonaro repetidamente critica o governo argentino, de esquerda.
Também foram convidados o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, e o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Edson Fachin. Ambos declinaram.
Em sua live e em entrevistas, Bolsonaro tem dito que fará aos embaixadores uma "apresentação técnica" para mostrar que as urnas eletrônicas não são seguras, mostrando supostos dados de irregularidades nas eleições de 2014 e 2018.
Até hoje, no entanto, o presidente não apresentou quaisquer provas das acusações que faz. Ao contrário, ele mesmo repetiu mais de uma vez que não tem provas. Ainda assim, mantém que há riscos de fraude.
Em 2020, quando estava em visita a Miami, Bolsonaro afirmou pela primeira vez que havia vencido as eleições no primeiro turno em 2018, e que apresentaria provas de fraudes, o que não fez, mesmo tendo sido interpelado judicialmente.
Em outro momento de escalada no ataque ao processo eleitoral, em julho de 2021, o presidente apresentou um suposto "especialista em dados" durante a live em que mostrou o que chamou de "indícios" de fraude na totalização dos votos, mas admitiu que não tinha provas. Os "indícios" foram desmentidos.
Nenhuma eleição feita desde o início do uso das urnas eletrônicas foi questionado ou houve qualquer indício sério de fraudes, mas, atrás nas pesquisas eleitorais, Bolsonaro vem questionando a seguranças das urnas, provocando dúvidas em parte da população e incitando reações no caso de resultados que ele não concorde.