Agência Brasil - O incentivo à participação de mulheres em posições de liderança, especialmente nas eleições de 2022 é o tema da campanha nacional lançada pela organização não-governamental #ElasnoPoder. A mobilização Indique uma Mulher busca encorajar mais candidatas a buscar um lugar na política.
“Fizemos uma pesquisa com mulheres que já atuavam na política e das que responderam que não têm interesse em se candidatar, 40% delas falou que não faz isso porque acha que não têm perfil. Isso é super forte e mostra que as mulheres não se veem como líderes, mesmo que elas já sejam, que já trabalhem com política. E tem políticas que mostram que apoio social é muito importante para que elas virem a chave”, explicou a coordenadora de Parcerias da ONG, Isabela Rahal.
A mobilização, que vai até o prazo final de filiação partidária, no dia 1º de abril, tem como objetivo alcançar mulheres em todos os estados do Brasil. Segundo a organização, o público alvo inclui tanto as que nunca cogitaram (ou não cogitam no momento) se candidatar, quanto as que já pretendem concorrer a um cargo público. Elas receberão uma carta da ONG, informando que foram indicadas pela sociedade para assumirem posições de liderança na política.
“Vamos ter uma carta, que vai ser assinada por mandatárias e por pessoas que já tenham mandato para incentivá-las a se candidatarem. Vamos ter um grupo de WhatsApp para que elas possam dar apoio entre elas e uma newsletter específica para essas candidatas para que se sintam apoiadas, que [saibam] que têm apoio social. Mas, o mais importante de tudo isso é que vão saber que tem alguém que realmente as vê como uma liderança”, disse Rahal.
No ano passado, para incentivar a participação feminina na política, o Congresso Nacional aprovou uma PEC que estabelece um mínimo de 30% para destinação de fundo de financiamento de campanha e da parcela do fundo partidário às campanhas eleitorais em candidaturas femininas em eleições proporcionais e majoritárias. Nas eleições de 2018, elas ocuparam apenas 16% dos cargos, apesar de somarem 52% da população geral.
“Os partidos veem como uma questão mais simples procurar candidatas de última hora, de qualquer maneira, do que de fato investirem nessas candidaturas. O voto em dobro, que foi aprovado no final do ano passado, onde o voto das mulheres conta dobrado para distribuição de fundo partidário e eleitoral. Isso vai, de fato, fazer com que os partidos olhem para as mulheres de maneira mais competitiva”, afirmou a coordenadora.