A futura chanceler da Argentina, Diana Mondino, indicada pelo presidente eleito Javier Milei, reconheceu neste domingo (26.nov.2023) a importância do acordo do Mercosul com a União Europeia e disse querer finalizar as negociações o mais rápido possível.
“Antes que me perguntem, estamos conversando sobre a importância que tem de assinar o Mercosul quanto antes. Mercosul-União Europeia e eventualmente com outros países, como Singapura”, declarou depois de se reunir com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.
A fala sinaliza que a Argentina deve seguir no Mercosul, apesar das críticas feitas ao bloco por Javier Milei durante a campanha presidencial. Ele já disse que a relação do país no Mercosul é um “estorvo” econômico e que o Estado “não deve intervir em relações comerciais”.
Segundo Mondino, também conversaram sobre a relação de ambos os países, citando a importância da parceria e destacando que o interesse do governo Milei é manter a proximidade com os brasileiros.
“A conversa foi excelente, muito amável. Creio que a principal mensagem é que somos países irmãos, vamos seguir sendo e temos que trabalhar muito para poder fazer crescer os dois países”, disse.
Questionada sobre as críticas feitas por Milei ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) antes da eleição argentina, Mondino disse ser preciso separar críticas ideológicas das de caráter pessoal. Também declarou que haverá separação entre o governo e as pessoas.
A declaração é um aceno ao governo Lula e veio junto com um convite oficial para que o petista participe da posse de Milei, em 10 de dezembro. O governo brasileiro havia dito que o presidente não compareceria. Agora, Vieira afirmou que transmitirá o convite a Lula.
“Repito o que na Argentina já repeti muitas vezes. Uma coisa são as críticas à ideologia e outra são críticas à pessoa. Isso é totalmente diferente. Temos que separar o Estado, de governo, de pessoas. A parceria vai continuar o mais rápido e o melhor que conseguirmos”, afirmou Mondino.
A chanceler disse que Milei está convidando todos os presidentes da região e quem mais tenha demonstrado apoio ao próximo governo argentino.
“Convidamos a todos os presidentes da região e convidamos também muita gente que manifestou apoio à Argentina. A recepção vai ser excelente para todos”, declarou.
Mondino afirmou não ter conversado com Vieira sobre a possível entrada da Argentina no Brics. Disse, entretanto, que o futuro governo Milei não enxerga ainda vantagens em fazer parte do bloco, mas que isso pode mudar.
“Até agora não entendemos o Brics para a Argentina, com todos os problemas econômicos que já temos, qual seria a vantagem que teríamos. Por outro lado, se houver [vantagem econômica], nós participaríamos”, declarou.
O Brics anunciou, em agosto, o início do processo de expansão do bloco, com a entrada de mais 6 países. Além da Argentina, integrarão o grupo a partir de janeiro de 2024 a Arábia Saudita, o Egito, os Emirados Árabes Unidos, a Etiópia e o Irã.
Em discurso no Conselho das Américas à época, Milei disse que não se alinhará “com comunistas”, e sim com países ligados ao Ocidente, como Estados Unidos e Israel.