O hacker Walter Delgatti Neto afirmou nesta 5ª feira (14.set.2023) que o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), estava presente nas conversas que ele teria tido com integrantes do governo sobre a possibilidade de invasão às urnas. Delgatti disse esperar que o militar revele isso no acordo de delação que negocia com a PF (Polícia Federal).
“Eu tenho informações de que o tenente-coronel Mauro Cid vai falar sobre esse assunto no acordo de delação premiada, pois ele estava nas conversas. Ele é testemunha”, disse em depoimento à CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal.
Delgatti começou a depor por volta de 10h por videoconferência. Os deputados distritais consideraram cancelar a oitiva porque a CPI declarou não ter dinheiro para transferir Delgatti de São Paulo, onde está preso, para Brasília. Mas o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), autorizou que o depoimento fosse realizado remotamente.
No depoimento, o hacker repetiu boa parte das declarações que deu à CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do 8 de Janeiro da Câmara dos Deputados, em 17 de agosto. Ele afirmou que Bolsonaro lhe deu “carta branca” para provar a suposta vulnerabilidade das urnas e que realizou visitas ao Ministério da Defesa para tratar do assunto.
“Fui 5 vezes no Ministério da Defesa. Eu entrava pelos fundos, com uma máscara de covid e o rosto baixo. Eram técnicos que não se identificavam com os nomes deles. Fui levar os conhecimentos que eu tenho de quem ataca urnas, tanto que o relatório que saiu posteriormente foi embasado em tudo que eu disse a eles”, declarou.
Delgatti afirmou que Bolsonaro sabia sobre o pedido de incluir um documento falso no sistema do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), motivo pelo qual está preso desde 2 de agosto. Segundo ele, o ex-presidente “solicitou esse feito”.
A defesa de Bolsonaro nega as afirmações. O ex-presidente entrou com uma queixa-crime contra Delgatti por calúnia. O processo foi encaminhado ao 3º Juizado Especial Criminal de Brasília em 25 de agosto. Eis a íntegra (PDF – 537 kB).
O hacker ficou conhecido pela chamada “Vaza Jato”, depois de invadir telefones de autoridades da operação Lava Jato e, posteriormente, por participar de um suposto plano contra a confiabilidade das urnas eletrônicas.